Alvo de insultos do pastor Silas Malafaia, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) publicou um vídeo em que afirma estar ao lado do líder religioso e atribui a divulgação dos áudios a um “vazamento seletivo” do conteúdo apreendido pela Polícia Federal (PF).
Nesta quarta-feira, 20, a PF indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Eduardo e Malafaia por suposta tentativa de interferir no curso do processo do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura a articulação de golpe de Estado, em que Bolsonaro é réu.
Em áudios encontrados no aparelho celular apreendido do ex-presidente, divulgados nesta quarta, Malafaia chama Eduardo de “babaca” e ameaça “arrebentar” com ele. O motivo da irritação era uma declaração do deputado sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
“E vem o teu filho babaca falar merda! Dando discurso nacionalista, que eu sei que você não é a favor disso. Dei-lhe um esporro, cara… mandei um áudio pra ele de arrombar. E disse pra ele, a próxima que tu fizer eu gravo um vídeo e te arrebento! Falei pro Eduardo”, diz Malafaia em mensagem de voz enviada a Bolsonaro.
Depois da divulgação do conteúdo, o parlamentar usou as redes sociais para minimizar as declarações e dizer que “está junto” ao pastor. Ele também alega que houve seleção no material vazado.
“Jogam uma cortina de fumaça para o que realmente importa. Moraes e Dino estão tendo um tempo muito ruim com os bancos, sabem que não vão ganhar essa parada pois não existe cenário de vitória para o STF”, disse, referindo-se à sanção imposta pelos EUA ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, com a Lei Magnitsky.
A aplicação do dispositivo pode ser comprometida após decisão de Flávio Dino, também ministro da Corte, que determinou que normas ou decisões judiciais estrangeiras não produzem efeitos em território brasileiro, salvo se houver validação da Justiça nacional.
“Siga firme e forte, tamo junto, pastor, o senhor é igual a mim e está preocupado com o Brasil dos brasileiros. Bola pra frente”, disse Eduardo.
Paralelamente, Moraes, que é relator do processo relacionado à tentativa de golpe, deu um prazo de 48 horas para que a defesa de Jair Bolsonaro esclareça os “reiterados descumprimentos das medidas cautelares impostas, a reiteração das condutas ilícitas e a existência de comprovado risco de fuga” por parte do ex-presidente.
Já Silas Malafaia teve celular e passaporte apreendidos durante a operação. Ele também está proibido de se comunicar com outros investigados. O pastor entrou na mira da investigação depois que a PF encontrou diálogos em que ele orienta o ex-presidente a incentivar manifestações de rua e disparar mensagens por WhatsApp, mesmo estando proibido de usar redes sociais.
Por: Estadão Conteúdo