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‘Acha que tem sete vidas’


A polícia investiga duas estudantes de Medicina suspeitas de praticarem injúria durante um vídeo gravado para as redes sociais, em que insinuam que a paciente Vitória Chaves da Silva, internada no Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista, precisou realizar um transplante do coração por erros cometidos por ela mesma.

Gabrielli Farias de Souza e Thais Caldeiras Soares Foffano gravaram um vídeo para comentar sobre o ineditismo do caso de Vitória, que recebeu três corações ao longo da vida. Mesmo sem citar o nome da paciente na gravação, elas alegam que a vítima não teria tomado a medicação da forma correta após um dos transplantes e, por isso, teve de ser submetida a uma nova cirurgia do tipo para receber outro órgão. E, em tom satírico, disseram que Vitória devia achar que tinha “sete vidas”.

A defesa das estudantes não foi encontrada e as imagens foram deletadas da plataforma.

O vídeo foi gravado dentro do InCor e publicado no TikTok poucos dias antes de Vitória morrer, em 28 de fevereiro. Thais é estudante da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (Faseh), de Belo Horizonte, e Gabrielli, da Anhembi Morumbi, de São Paulo. As universidades foram procuradas e, em notas idênticas, afirmam que as falas na gravação não condizem com os princípios e valores que norteiam a atuação de ambas as instituições (veja mais abaixo).

As duas estudantes estavam realizando um curso de extensão promovido pela Faculdade de Medicina da USP de um mês de duração, onde conheceram o caso de Vitória. Em determinado momento do vídeo, chegam a dizer que “subiriam” para conhecer a paciente que tinha feito o transplante.

A família de Vitória teve conhecimento das declarações das estudantes em 3 de abril, prestou queixa na delegacia e também denunciou o caso para o Ministério Público.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP-SP) diz que o caso é investigado como injúria por meio de inquérito policial instaurado pelo 14° Distrito Policial (Pinheiros). “A mãe da vítima foi ouvida e as diligências seguem visando o devido esclarecimento dos fatos, bem como a responsabilização dos envolvidos”, informou a pasta.

O Ministério Público informou que protocolou nesta terça, 9, uma notícia de fato relatando o ocorrido na promotoria de Justiça de Direitos Humanos da Capital. “O caso está sendo analisado”, disse o órgão.

A USP informou que Gabrielli e Thais são alunas de outras instituições e que elas não possuem vínculos com a universidade e com o InCor.

No vídeo, Gabrielli e Thais explicam que a paciente tinha passado por três cirurgias de transplante do coração ao longo da vida. A primeira teria sido logo após nascer, quando foi constatada uma má formação do órgão. A dupla conta que o segundo transplante aconteceu porque a paciente não teria tomado as medicações necessárias.

“A segunda vez que ela transplantou, ela não tomou os remédios que precisava tomar”, disse uma das estudantes, sem especificar a data. “O corpo meio que rejeitou e teve que ser transplantado por um erro dela”, acrescenta.

A aluna prossegue no vídeo. Explica que Vitória recebeu um terceiro coração, que passou a ser aceito. Mas o rim não teria lidado bem com alguns remédios e, por isso, teve que fazer um quarto transplante, agora para este outro órgão.

A estudantes destacam ainda as dificuldades, tanto burocráticas como fisiológicas, para conseguir realizar um transplante. “Essa menina está achando que tem sete vidas”, diz, uma delas. “Espero que fique tudo bem com ela e que ela realmente tome as medicações e faça o tratamento correto.”

Em nota, a Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) disse que, assim que soube dos fatos, notificou as universidades de origem das estudantes. “Internamente, a FMUSP está tomando medidas adicionais para reforçar junto aos participantes de cursos de extensão as orientações formais sobre conduta ética e uso responsável das redes sociais, além da assinatura de um termo de compromisso com os princípios de respeito aos pacientes e aos valores que regem a atuação da instituição.”

A Faseh e Anhembi Morumbi dizem que o vídeo não condiz com os princípios e valores das instituições e com um compromisso de uma formação médica humanizada. As faculdades lamentaram o ocorrido, se solidarizam com a família de Vitória e dizem estar à disposição das autoridades para ajudar na apuração dos fatos.



Por: Estadão Conteúdo

Estadão

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