A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, é reconhecida por sua robustez e tradição no mercado financeiro brasileiro. Contudo, o recente anúncio de um déficit de R$ 14 bilhões em 2024 trouxe à tona discussões acerca da sustentabilidade a longo prazo da entidade. Este artigo analisa os fatores que contribuíram para esse resultado, as implicações para os participantes e as medidas em curso para assegurar a saúde financeira do fundo.
Causas do déficit de 2024
O desempenho financeiro da Previ em 2024 foi impactado por diversos fatores, principalmente pela volatilidade do mercado de ações. A significativa exposição do Plano 1 a ativos de renda variável, especialmente ações da Vale, resultou em uma rentabilidade negativa de 9,04% nesse segmento entre janeiro e novembro de 2024. Além disso, investimentos estruturados apresentaram queda de 5,07% no mesmo período. Em contrapartida, a renda fixa, que representa a maior parcela da carteira do Plano 1, registrou um retorno de 7,79%, ainda assim abaixo do CDI de 9,05% no período.
Reação das autoridades e auditoria do TCU
A divulgação do déficit levou o Tribunal de Contas da União (TCU) a iniciar uma auditoria para investigar as causas do resultado financeiro negativo da Previ em 2024. O objetivo é avaliar a gestão dos investimentos e identificar possíveis falhas ou irregularidades que possam ter contribuído para o déficit.
Em resposta às preocupações, a Previ afirmou que seus planos estão equilibrados e que não há risco de equacionamento ou necessidade de contribuições extraordinárias por parte dos participantes ou do patrocinador, o Banco do Brasil. A entidade atribui o déficit a oscilações normais de mercado e destaca que, ao longo de 2024, alguns dos principais ativos, como a Vale, sofreram desvalorização significativa, impactando os resultados do Plano 1.
Sustentabilidade a longo prazo
A sustentabilidade da Previ a longo prazo depende de uma gestão eficaz dos investimentos e da capacidade de adaptação às condições de mercado. Embora o déficit de 2024 seja motivo de atenção, é importante considerar o histórico de rentabilidade da entidade. Nos últimos 15 anos, de 2010 a 2025, a Previ alcançou uma rentabilidade superior ao CDI e ao Ibovespa, demonstrando resiliência e eficiência na gestão dos recursos dos participantes.
Para enfrentar os desafios atuais, a Previ está avaliando estratégias de diversificação de investimentos e reforçando práticas de governança para mitigar riscos e melhorar o desempenho dos ativos. A entidade acredita que, com a estabilização das condições econômicas, há boas perspectivas de recuperação dos ativos desvalorizados em 2024.
O déficit de R$ 14 bilhões registrado pela Previ em 2024 acendeu um alerta sobre a necessidade de monitoramento constante e gestão prudente dos investimentos para garantir a sustentabilidade a longo prazo do fundo. Embora o resultado negativo seja preocupante, a trajetória histórica de desempenho positivo e as medidas em curso indicam que a Previ está comprometida em manter a solidez financeira e a confiança de seus participantes.