Brasileiros deportados por Trump: a dura realidade dos pedidos de asilo nos EUA

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A busca pelo “sonho americano” tem sido uma constante na vida de muitos brasileiros que, diante de dificuldades econômicas e sociais, veem nos Estados Unidos uma oportunidade de recomeço. Entretanto, durante o governo de Donald Trump, iniciado em janeiro de 2025, as políticas migratórias tornaram-se significativamente mais rígidas, impactando diretamente aqueles que buscavam asilo no país. Este artigo aborda as experiências de brasileiros que, ao tentarem regularizar sua situação migratória, enfrentaram detenções e eventual deportação, destacando os desafios impostos pelas novas diretrizes americanas.

A jornada em busca de asilo

Historicamente, muitos imigrantes optaram por se entregar às autoridades na fronteira dos EUA com o México, uma prática conhecida como “cai-cai”. Essa estratégia consistia em solicitar asilo e aguardar em solo americano a decisão judicial sobre o pedido. Contudo, com a ascensão de Trump ao poder, essa abordagem tornou-se quase inviável. As promessas de campanha do presidente incluíam o fortalecimento das fronteiras e a restrição da imigração ilegal, o que resultou em políticas mais severas e na intensificação das deportações.

Um caso emblemático é o de Nicolas Campana, um capixaba de 30 anos que, em novembro de 2024, após uma viagem de 13 dias passando por Guatemala e México, entregou-se às autoridades americanas em Laredo, Texas. Seu objetivo era obter asilo e iniciar uma nova vida nos Estados Unidos. Porém, ao invés de liberdade, Nicolas enfrentou 90 dias em centros de detenção e, posteriormente, foi deportado de volta ao Brasil. “Só conheci os EUA de dentro da prisão”, relatou Nicolas, evidenciando a frustração e o desespero diante da situação.

Políticas migratórias e seus impactos

As mudanças nas políticas migratórias durante o governo Trump não apenas dificultaram a entrada de novos imigrantes, mas também aumentaram as deportações daqueles que já estavam em solo americano. Dados da Polícia Federal brasileira indicam que, desde 2020, mais de 7 mil brasileiros foram deportados dos Estados Unidos, com um pico de 2.188 deportações em 2021.

Além disso, um acordo firmado em 2018 entre os dois países facilitou o processo de remoção de brasileiros, resultando em um aumento de 65% nas deportações entre 2018 e 2022, em comparação com os cinco anos anteriores.

As operações de deportação em massa tiveram início poucos dias após Trump assumir a presidência. Em 23 de janeiro de 2025, 538 pessoas foram detidas, e centenas deportadas, em uma operação anunciada pela Casa Branca.

Condições de detenção e deportação

Relatos de deportados apontam para condições degradantes durante o processo de detenção e deportação. Muitos afirmam ter sido algemados durante todo o trajeto de retorno ao Brasil, incluindo crianças e pessoas com necessidades especiais. Em janeiro de 2025, o governo brasileiro solicitou explicações formais aos Estados Unidos sobre o tratamento dispensado a 88 brasileiros deportados, destacando o uso de algemas e correntes durante o voo de repatriação.

Essas práticas geraram tensões diplomáticas entre os dois países, levando o Brasil a convocar representantes americanos para discutir o tratamento dado aos seus cidadãos durante o processo de deportação.

A experiência de brasileiros como Nicolas evidencia os desafios enfrentados por imigrantes em busca de asilo nos Estados Unidos durante o governo Trump. As políticas restritivas, aliadas às condições adversas nos centros de detenção e durante o processo de deportação, tornam a jornada em busca do “sonho americano” cada vez mais árdua e incerta.

Para aqueles que consideram empreender essa jornada, é essencial estar ciente das atuais políticas migratórias e dos riscos envolvidos. Buscar informações atualizadas e apoio de organizações especializadas pode ser crucial para tomar decisões informadas e evitar situações de vulnerabilidade e exposição a tratamentos desumanos.

Em suma, a realidade enfrentada por muitos brasileiros durante o governo Trump serve como um alerta sobre os desafios da imigração irregular e a importância de políticas que respeitem os direitos humanos e promovam processos justos e dignos para todos os indivíduos em busca de uma vida melhor.

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