Os brasileiros ficaram menos propensos às compras em outubro, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) diminuiu 0,5% em relação a setembro, já descontadas as influências sazonais.
O resultado representou o terceiro mês de recuos consecutivos, descendo ao patamar de 101,0 pontos, ainda na zona de otimismo. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, a intenção de consumo caiu 1,9% em outubro de 2025.
Segundo a CNC, a pesquisa mostra que a elevada taxa básica de juros, a Selic, e a cautela com o mercado de trabalho estão detendo a confiança do consumidor.
“Mesmo com os baixos índices de desemprego, a série da pesquisa indica a percepção de insegurança quanto aos próximos meses, fator que faz com que as famílias consumam menos para tentar dar conta das dívidas já criadas”, declarou o presidente da CNC, José Roberto Tadros, em nota à imprensa.
Na passagem de setembro para outubro, nenhum dos sete componentes do ICF registrou melhora: emprego atual, queda de 0,6%, para 124,6 pontos; renda atual, -0,1%, para 121,1 pontos; nível de consumo atual, -1,6%, para 87,4 pontos; perspectiva profissional, -1,6%, para 111,0 pontos; perspectiva de consumo, -1,0%, para 102,8 pontos; acesso ao crédito, 0,0%, para 95,2 pontos; e momento para aquisição de bens de consumo duráveis, 0,0%, para 64,1 pontos.
“Os dados de outubro reforçam a cautela dos consumidores. A necessidade do crédito para manter o consumo continua aquecendo o comércio imediato, mas a Selic mais alta afeta a inadimplência e reduz esse movimento”, justificou o estudo da CNC.
A propensão ao consumo diminuiu tanto entre os mais pobres quanto entre os mais ricos em outubro. No grupo com renda mensal abaixo de 10 salários mínimos, o ICF caiu 0,5% em relação a setembro, para 98,6 pontos, na zona de insatisfação. Entre as famílias com renda superior a 10 salários mínimos, o ICF encolheu 1,0%, para 112,9 pontos.
Por: Estadão Conteúdo