O Ibovespa voltou a testar os 145 mil pontos na máxima desta quarta-feira, em nível não visto em fechamento desde o último dia 1º, sem consegui-lo sustentar mais uma vez no encerramento da sessão, ainda em alta de 0,55%, aos 144.872,79. Nesta quarta, oscilou dos 144.038,76 aos 145.047,73 pontos, nos extremos da sessão, em que saiu de abertura aos 144.093,68 pontos. Como na terça-feira, o giro financeiro se manteve moderado nesta quarta-feira, a R$ 17,9 bilhões. Na semana, em três sessões, o Ibovespa agrega 1,03%, ainda cedendo 0,93% no mês – no ano, sobe 20,44%.
Com ganhos nos carros-chefes Vale (ON +1,78%) e Petrobras (ON +1,67%, PN +1,15%), e avanço também nas ações de grandes bancos, com destaque para a principal delas, Itaú (PN +0,82%, na máxima do dia no fechamento), o índice da B3 se descolou do ajuste em Nova York, onde as perdas nesta quarta-feira chegaram a 0,93% no Nasdaq, no encerramento. Na ponta ganhadora, Vamos (+5,48%), Auren (+3,82%) e MRV (+3,46%). No lado oposto, Assaí (-7,08%), C&A (-2,92%) e Fleury (-2,69%).
“Vale trouxe ontem à noite os maiores dados sobre produção de minério de ferro da empresa desde 2018, com Petrobras acompanhando a alta do petróleo, de mais de 2% no encerramento de Londres e Nova York e chegando a patamar em torno de 4% no fim da tarde”, diz João Ferreira, sócio da One Investimentos, mencionando também o fechamento da curva doméstica de juros futuros na sessão, o que contribui para o apetite por ativos de risco, como as ações.
Lá fora, “os ativos de risco mostram que os investidores estão adotando uma postura mais cautelosa em meio ao cenário de paralisação do governo americano e de incertezas comerciais entre Estados Unidos e China”, diz Luise Coutinho, head de produtos e alocação da HCI Advisors, mencionando, também, a decepção em Nova York em torno dos resultados trimestrais da Netflix, abaixo do esperado.
No cenário doméstico, em meio às persistentes preocupações do mercado com relação à situação fiscal, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, disse, em evento, que o governo vai manter a meta de déficit zero em 2025 e que projeta para 2026 o primeiro superávit primário, de 0,25% do PIB, destaca Luise, da HCI Advisors.
“Dia foi de leve alta para o dólar, sem muitos fatores novos no cenário macro para orientar os negócios, e a Bolsa local refletindo mais os balanços de empresas e os dados de produção da Vale, com expectativa positiva também do mercado para o que pode vir do encontro, neste fim de semana, entre os presidentes Lula e Trump na Ásia”, diz Daniel Teles, especialista e sócio da Valor Investimentos. À vista, a moeda americana fechou o dia com ganho de 0,12%, a R$ 5,3969.
Para Marcos Praça, diretor de análise na ZERO Markets Brasil, no exterior, o “morde e assopra” de Trump com relação à China tem resultado em volatilidade acentuada em ativos como o ouro – uma referência de proteção que vinha registrando valores históricos de ganhos, mesmo com o cenário de juros globais ainda relativamente altos. “Sexta-feira traz dados importantes sobre inflação ao consumidor, nos Estados Unidos, antes da próxima reunião do Federal Reserve sobre juros”, acrescenta.
Por: Estadão Conteúdo