Bom humor externo e alívio em IPCA no Focus animam Ibovespa antes de agenda ganhar força

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O bom humor internacional estimula alta do Ibovespa. Os investidores avaliam positivamente o tom apaziguador do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, depois de o republicano ter anunciado uma tarifa de 100% à China, a partir de 1º de novembro, na sexta-feira.

Em reação a este sinal do republicano, os índices das bolsas em Nova York e na Europa de maneira firme, acima de 1%, assim como o petróleo. O minério de ferro fechou com valorização de 1,13% em Dalian, na China.

Desta forma, a alta na carteira teórica do Ibovespa é quase generalizada. De 82 papéis, oito caíam às 11h10. As duas maiores quedas eram do Grupo Pão de Açúcar (-2,02%), após recentes ganhos, e Raízen (-1,15%). A companhia afirmou que não está considerando qualquer forma de reestruturação de dívida ou pedido de recuperação judicial ou extrajudicial. Já o GPA anunciou a eleição de André Coelho Diniz como presidente do Conselho de Administração, decisão unânime do colegiado.

Segundo Silvio Campos Neto, economista sênior e sócio da Tendências Consultoria, o desempenho dos ativos reflete uma correção parcial após o estresse na sexta-feira. As bolsas norte-americanas fecharam em queda, influenciando o Ibovespa, e o dólar subiu para a faixa de R$ 5,50, contaminando os juros futuros.

“Aparam os excessos, mas não é algo garantido de que trará de volta o ambiente mais tranquilo das últimas semanas”, avalia Campos Neto. Segundo o economista sênior da Tendências, o posicionamento de Trump serve para o mercado relembrar que a qualquer momento o republicano pode mudar de ideia. “É uma figura pouco previsível.”

Entre as poucas divulgações desta segunda-feira, está a pesquisa Focus, com novo alívio em algumas estimativas para a inflação brasileira. Ao longo da semana, sairão dados de atividade no Brasil, como vendas no varejo, volume de serviços e IBC-Br.

No exterior, serão informados o Livro Bege nos EUA e dados da inflação chinesa. Além disso tem as reuniões anuais de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. O encontro começa nesta segunda-feira e segue até sábado, em Washington. Ainda tem início a temporada de balanço do terceiro trimestre de empresas norte-americanas. Ao mesmo tempo, os mercados monitoram o cessar-fogo em Gaza e a liberação de reféns.

Depois de o presidente norte-americano ter anunciado uma tarifa de 100% à China, ontem foi moderado em suas palavras. Trump afirmou que os EUA “querem ajudar a China, não prejudicá-la”, alegando que o presidente chinês, Xi Jinping, “apenas teve um momento ruim” ao impor restrições à exportação de terras raras. A China promete adotar medidas de retaliação se os Estados Unidos mantiverem as ameaças.

Os investidores também continuam à espera de uma definição das medidas de compensação fiscal após a derrubada da MP, que trazia alternativas ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Também acompanham os desdobramentos das negociações de tarifas entre o Brasil e EUA.

Os mercados avaliam ainda a nova rodada de desaceleração em algumas projeções no Focus divulgado hoje. Os juros futuros brasileiros iniciaram a sessão em queda, apesar do fechamento do mercado de Treasuries, devido ao feriado pelo Dia de Colombo, nos EUA.

O boletim trouxe que a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desde ano (de 4,80% para 4,72%) e de 2028 (de 3,70% para 3,68%). Além disso, a projeção mediana suavizada para o IPCA nos próximos 12 meses passou de 4,21% para 4,13%. Entretanto, a projeção para a taxa Selic prosseguiu em 15% para o fim de 2025 e em 12,25% no final do ano que vem.

Segundo Ricardo Trevisan Gallo, CEO da Gravus Capital, a boa notícia é a inflação, que o Focus trouxe nova desaceleração. Por outro lado, a cena política em Brasília continua sendo o principal ponto de atenção, alerta. “A votação da LDO é crucial e pode trazer volatilidade, especialmente com a queda de braço entre o governo e o Congresso. Qualquer sinal de aumento de risco fiscal vai pesar nos ativos”, avalia.

A Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso adiou mais uma vez a votação do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), que estava marcada para terça-feira passada, foi transferida para amanhã.

Entre os destaques no exterior cita a divulgação do PIB da China, na noite de domingo, “que vai ditar o humor dos mercados emergentes e de commodities”, completa Gallo.

Na sexta-feira, o Índice Bovespa fechou em queda de 0,73%, aos 140.680,34 pontos, no menor nível de fechamento em pouco mais de um mês, diante de preocupações com tarifas globais e por temores fiscal no Brasil.

Às 11h08, o Ibovespa subia 0,85%, aos 141.871,07 pontos, ante alta de 0,98%, na máxima aos 142.060,30 pontos. Iniciou a sessão na mínima em 140.681,77 pontos (elevação de 0,01%).

Em Nova York, a maior alta era do índice Nasdaq, de cerca de 2%. Investidores ajustam posições enquanto monitoram desdobramentos das tensões entre EUA e China, após falas de Trump e do secretário do Tesouro, Scott Bessent, sugerirem que as negociações comerciais seguem em andamento.



Por: Estadão Conteúdo

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