Por Francine De Lorenzo, Isabella Pugliese Vellani, Pedro Lima e Thais Porsch – 08/10/2025 16:08
A ata da última decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), divulgada nesta quarta-feira, 8, menciona que, ao discutir considerações de gerenciamento de riscos que poderiam influenciar as perspectivas para a política monetária, os participantes, no geral, julgaram que os riscos de alta para a inflação permanecem elevados e que os riscos de queda para o emprego estão altos e aumentaram.
Segundo o documento referente à reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) de 16 e 17 de setembro, os participantes notaram que, nessas circunstâncias, se a política for afrouxada demais ou muito cedo e a inflação permanecer elevada, as expectativas de inflação de longo prazo podem se desancorar e tornar a restauração da estabilidade de preços ainda mais desafiadora.
No entanto, o texto afirma que, se as taxas de política forem mantidas muito altas por muito tempo, então o desemprego pode aumentar “desnecessariamente”, e a economia pode desacelerar acentuadamente. “Nesse contexto, os participantes enfatizaram a importância de adotar uma abordagem equilibrada na promoção dos objetivos de emprego e inflação”, acrescenta.
A ata do Fed cita que os participantes notaram que as expectativas de inflação de longo prazo continuam “bem ancoradas” e que é importante que permaneçam assim para ajudar a retornar a inflação a meta de 2%.
A maioria dos integrantes enfatizou os riscos de alta para suas perspectivas de inflação. Alguns participantes comentaram que percebiam menos risco de alta para suas perspectivas de inflação do que no início do ano.
Meta de inflação
Dirigentes do Federal Reserve observaram que o progresso geral da inflação em direção à meta estagnou neste ano – mesmo excluindo os efeitos dos aumentos tarifários -, à medida que as leituras de inflação aumentaram, segundo a ata. No documento, divulgado nesta quarta-feira, eles expressaram preocupação de que as expectativas de inflação de longo prazo possam subir se a inflação não retornar ao seu objetivo em tempo hábil.
Segundo o texto, os participantes do encontro observaram que a inflação aumentou desde o início do ano e permaneceu um pouco acima da meta de longo prazo de 2% do Comitê.
Embora os integrantes do Fed tenham avaliado que os aumentos tarifários deste ano pressionaram a inflação para cima, alguns comentaram que esses efeitos pareceram ter sido um pouco atenuados até o momento em relação às expectativas do início do ano.
“Alguns participantes sugeriram que os ganhos de produtividade podem estar reduzindo as pressões inflacionárias. Alguns participantes expressaram a opinião de que, excluindo os efeitos dos aumentos tarifários deste ano, a inflação estaria próxima da meta”, menciona a ata.
Manutenção de juros
A ata da última decisão de política monetária do Federal Reserve revelou que alguns dirigentes poderiam ter apoiado a manutenção de juros em setembro, embora maioria tenha dito que provavelmente seria apropriado afrouxar mais a política ainda este ano.
“Alguns participantes viram mérito em manter a taxa dos Fed Funds inalterada na reunião de setembro ou poderiam ter apoiado tal decisão”, pontuou o documento.
A ata também mostrou que diretor do Fed Stephen Miran, que votou por uma redução de 50 pontos-base no mês passado, tomou sua decisão devido a um maior enfraquecimento no mercado de trabalho durante a primeira metade do ano e da inflação subjacente que, em sua opinião, estava significativamente mais próxima de 2% do que aparentava nos dados.
Os membros do BC norte-americano concordaram que inflação permanecia um pouco elevada e não mais caracterizam as condições do mercado de trabalho como sólidas, pois o emprego havia desacelerado e a taxa de desemprego aumentado – ainda que permanecesse baixa.
Cenário do emprego
A ata da última decisão de política monetária do Federal Reserve menciona que, na discussão sobre o mercado de trabalho durante a reunião do FOMC de 16 e 17 de setembro, os participantes observaram que os ganhos de emprego diminuíram e a taxa de desemprego aumentou ligeiramente.
De acordo com o documento, os participantes notaram que o baixo nível de ganhos de emprego estimado nos últimos meses provavelmente refletia declínios no crescimento tanto da oferta quanto da demanda de trabalho, potencialmente reduzida pela inteligência artificial, como um dos fatores.
Os integrantes do FOMC notaram que a baixa imigração líquida ou as mudanças na participação da força de trabalho são fatores que reduzem a oferta de trabalho.
“Quanto aos fatores que podem estar reduzindo a demanda de trabalho, os participantes notaram o crescimento econômico moderado ou os efeitos da alta incerteza nas decisões de contratação das empresas”, avalia a ata.
Diante da leitura de uma série de indicadores considerados “úteis” para avaliar as condições do mercado de trabalho, os participantes avaliaram que as leituras recentes desses indicadores não mostraram uma deterioração acentuada nas condições do mercado de trabalho. No entanto, segundo eles, algumas revisões sugerem que as condições do mercado de trabalho estão enfraquecendo há mais tempo do que se relatava anteriormente.
Para as perspectivas do mercado de trabalho, os participantes esperam que, com uma política monetária apropriada, as condições podem “mudar um pouco ou suavizar modestamente”. “Os participantes indicaram que suas perspectivas para o mercado de trabalho eram incertas e viam os riscos de queda para o emprego como tendo aumentado durante o período entre reuniões”, informa a ata.
Por: Estadão Conteúdo