Galípolo afirma que não existe ‘atalho’ para BC levar inflação à meta

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O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçou nesta segunda-feira, 29, que não existe “atalho” para a autoridade monetária levar a inflação para a meta de 3%. “E quando se pega o atalho, geralmente o caminho de volta fica mais longo e aumenta a distância para o objetivo”, acrescentou ele, ao participar de evento do Itaú BBA, em São Paulo.

Ao comentar o atual nível da Selic, de 15%, Galípolo disse que, quando o BC começou a subir o juro, em dezembro do ano passado, ele mencionou aos demais diretores que, “mais difícil” do que elevar a Selic, seria o período em que a taxa precisaria ficar parada até garantir a convergência.

Galípolo reconheceu que o atual nível da Selic é elevado, mas pontuou que, historicamente, o Brasil sempre teve um nível de juro básico mais alto do que outros países. Essa questão, acrescentou o banqueiro central, não será solucionada com qualquer “bala de prata” e precisa estar sempre presente no debate público. “É uma questão que essa geração vai ter que tratar”, disse ele.

O presidente do BC reconheceu ainda que esse panorama torna as decisões de política monetária mais difíceis para o Brasil do que para outros países, mas que isso não pode ser usado como uma espécie de “muleta” ou desculpa para ação do BC.

Script

Galípolo reforçou que a autarquia segue dependente dos dados e não olha para apenas uma variável para definir os próximos passos da política monetária. Segundo ele, após o BC interromper um ciclo no juro, seja de alta, ou de baixa, é natural que haja discussão sobre os próximos movimentos, mas que o script da atual gestão do BC segue o mesmo, de sempre ser dependente dos dados.

Ao comentar sobre o cenário econômico, o presidente do BC disse que a economia segue emitindo sinais de resiliência, seja por conta de indicadores como mercado de trabalho, a inflação cheia, os núcleos de inflação ou as contas externas.

“Vamos seguir consumindo esses dados pra ver como se caminha para trazer inflação para a meta”, disse Galípolo, reforçando que a desancoragem das expectativas de inflação à meta de 3,0% segue incomodando o BC.

PIB potencial

O presidente do Banco Central avaliou que, com exceção do setor agropecuário, é difícil encontrar pontos evidentes na economia doméstica que levaram ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) potencial do País.

“No crescimento do PIB dos últimos anos, temos visto um crescimento sobre a lógica da demanda. E alternado anos de crescimento da demanda com anos em que o agro tem sido excepcional”, detalhou o banqueiro central.

Galípolo mencionou, ainda que, em relação ao mercado de trabalho, é possível observar que houve um aumento da participação das pessoas no mercado de trabalho, e não necessariamente um ganho de produtividade relevante.



Por: Estadão Conteúdo

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