Por Redação O Estado de S. Paulo – 28/09/2025 20:11
A brasileira Marina Lacerda, de 37 anos, descreveu encontros que teria tido com o bilionário Jeffrey Epstein, a partir de 2002, quando ela tinha 14 anos. Epstein, acusado de liderar uma rede de exploração e tráfico sexual de menores de idade, cometeu suicídio dias após ser preso, em 2019.
Marina disse em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, sobre a primeira vez que foi à casa do empresário em Nova York. Ela estava com uma amiga e conta que foi conduzida por uma empregada ao quarto de massagem.
Inicialmente, relata, Epstein se apresentou e fez perguntas sobre quem ela era e de onde vinha. “Naquele momento, eu não estava esperando, ele virou para a menina e disse ‘pode ficar confortável. Ela tirou a blusa, virou pra mim e falou ‘Marina, tira a blusa’. Eu fiquei super pressionada. Eu falei ‘meu Deus, o que eu faço nessa situação?’. Estava até com vergonha de falar ‘não’. Não sabia como sair daquela situação. Uma pessoa que parecia super poderosa, não só por causa do dinheiro, mas por causa de onde a gente estava, por causa das fotos, da casa. Eu tirei a blusa. Fiz uma massagem. Pronto, acabou. Ele deu o dinheiro para ela e fui embora”, conta a brasileira.
Ela narra que questionou a amiga, que a havia levado ao bilionário, sobre não ter sido avisada previamente que era necessário tirar a blusa. Ouviu como resposta que elas estavam de sutiã e não havia maiores problemas.
Marina conta que perdeu a sensibilidade sobre o que era certo e errado em termos de sexo por já ter sido abusada sexualmente anteriormente pelo padrasto.
A brasileira relata que Epstein ligou para sua amiga novamente e pediu para se encontrar com ela mais uma vez.
“E, naquele tempo, eu pensei ‘gente ele não tá me tocando, ele não fez nada errado’. Dei uma massagem nele. Mas as coisas começaram a piorar. Evoluiu para outras coisas. Começou tirando a blusa. Na próxima vez, tira o sutiã. Depois de tirar o sutiã, ele começava a se tocar. Depois de se tocar, ele começou a me tocar e foi evoluindo isso. Eu não sei como que eu aceitei isso, mas eu aceitei”, disse Marina Lacerda na entrevista.
Em uma entrevista à rede de televisão norte-americana ABC no início do mês, ela declarou que foi forçada a ter relações sexuais com Epstein. Na mesma ocasião, disse que os abusos duraram três anos.
Trump escreveu carta de aniversário para Epstein
O caso Epstein tem sido uma das fontes de desgaste do presidente dos EUA, Donald Trump. Ele foi criticado pelos próprios apoiadores do movimento Make America Great Again pela decisão do Departamento de Justiça de não divulgar mais nenhum arquivo relacionado à investigação do escândalo sexual.
Além disso, o Wall Street Journal publicou em julho que Trump escreveu uma carta com o desenho de uma mulher nua para um álbum de aniversário de Epstein em 2003. “Feliz aniversário – e que cada dia seja mais um segredo maravilhoso”, termina o texto escrito pelo atual presidente dos EUA.
As investigações contra Epstein começaram em 2005, após os pais de uma menina de 14 anos denunciarem que ele havia abusado sexualmente da jovem em sua casa em Palm Beach, na Flórida. Essa denúncia abriu caminho para outras e Epstein foi condenado em 2008 por exploração sexual e facilitação à prostituição de menores.
Na época, o bilionário afirmou que os encontros eram consensuais e que acreditava que as vítimas tinham 18 anos. Contudo, ele se declarou culpado por exploração sexual e fechou um acordo de 13 meses de prisão e inserção do seu nome na lista federal de criminosos sexuais.
Mais de uma década depois, em 2019, um juiz da Flórida considerou que o acordo era ilegal e Epstein foi preso em julho daquele ano, em Nova York.
Um mês depois de ser preso, Epstein foi encontrado morto na sua cela e a autópsia concluiu que ele tirou a própria vida.
O Departamento de Justiça dos EUA confirmou em julho deste ano que a causa da morte foi suicídio, após analisar arquivos e vídeos da prisão. Contudo, algumas teorias da conspiração, sem nenhum tipo de prova, insinuam que ele teria sido assassinado para proteger pessoas influentes que teriam relação com o escândalo sexual.
As acusações contra o milionário foram retiradas após a sua morte, mas as investigações continuaram contra outros envolvidos no caso, como sua ex-namorada Ghislaine, que foi condenada a 20 anos de prisão em 2022.
Por: Estadão Conteúdo