O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta sexta-feira, 26, que o processo coletivo de indenização movido na Inglaterra para ressarcir as vítimas do rompimento da barragem de Mariana (MG) “não deu em nada” porque não era “factível”.
“Eu disse: ‘Não é preciso ninguém abandonar o processo que vai dar mais para ficar com esse que vai dar menos. Pega esse e depois vê se vai dar mais’. O que acontece é que o que ia dar mais não deu nada, porque não era factível”, declarou o presidente durante evento em Brasília para instalar conselho popular para fiscalizar a reparação dos danos da barragem, rompida em 2015.
O conselho administrará recursos do Novo Acordo do Rio Doce, com montante estimado de R$ 170 bilhões. A maior fatia é do governo federal, com R$ 49 bilhões. Os valores poderão ser usados em eixos como economia popular e solidária; segurança alimentar e nutricional; educação popular; tecnologias sociais e ambientais; promoção do esporte e lazer; culturas e mídias locais; e defesa da terra e do território.
Lula afirmou que “o povo estava perdendo a fé e esperança de que as coisas iam acontecer” e disse que o acordo feito “foi muito difícil”, porque a Vale tinha um presidente que não tinha diálogo com o governo federal. “Quando aprendemos a negociar e temos responsabilidade, tem hora que temos que decidir, ou pego o passarinho que tenho na mão ou tento pegar dois e fico sem nenhum. Entendemos que o acordo, senão extraordinário do ponto de vista do merecimento de vocês, era excepcional, porque foi feito com muitas brigas, muitas contestações”, falou.
Afirmou também que é necessário administrar bem os recursos para evitar desvios: “Agora, somos nós, governo, e vocês, moradores da região, que estamos contando conta dos recursos, e precisamos aplicá-los da melhor forma possível, sem permitir que haja qualquer desvio ou qualquer atraso desse dinheiro”, disse.
O Conselho Federal de Participação Social da Bacia do Rio Doce e Litoral Norte Capixaba será formado por 36 integrantes, divididos igualmente entre governo e sociedade civil.
No evento, também foram assinados protocolos de intenção, como o que se refere ao centro de referência das águas de Governador Valadares (MG).
O objetivo do centro é de vigilância do território da Bacia do Rio Doce e promover saúde e fortalecimento das capacidades locais de resposta.
Por: Estadão Conteúdo