O ex-presidente do Banco Central (BC) Roberto Campos Neto disse que é preciso encontrar soluções privadas a problemas públicos, e defendeu uma grande reforma fiscal do lado dos gastos ao participar nesta quinta-feira, 25, da primeira reunião de trabalho da diretoria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) que tomará posse em janeiro. Campos Neto aceitou o convite de Paulo Skaf, que vai suceder Josué Gomes da Silva no comando da Fiesp, para presidir o Conselho Superior de Economia da entidade. Após defender uma coordenação entre o governo e o Congresso em torno de medidas que, embora duras e impopulares, são necessárias, Campos Neto destacou que quanto mais rápido o País fizer o ajuste fiscal, menor será o custo à sociedade.
“Só entraremos em um ciclo de crescimento sustentável com sacrifício”, disse o ex-presidente do BC, acrescentando, diante de empresários da indústria, que é importante o setor produtivo estar aberto a esse debate.
Ele observou que estímulos à demanda são tentadores e geram impacto positivo à atividade no curto prazo, mas também deixam uma conta de produtividade grande no longo prazo. “Precisamos pensar em projetos de longo prazo, achar soluções privadas a problemas públicos”, afirmou Campos Neto.
Ele disse que passou muito tempo nos últimos dez anos pensando em soluções ao Brasil. Hoje, emendou, é difícil pensar em caminhos ao País sem refletir sobre o contexto global, já que o mundo se endividou muito na pandemia, levando a um quadro de juros altos e divida elevada em vários governos, incluindo os Estados Unidos. Esse ambiente, frisou, retira liquidez do setor privado.
Conforme Campos Neto, a maioria dos países têm tentado equilibrar as contas públicas com aumento de impostos, o que aponta para menor produtividade, já prejudicada pela tendência de envelhecimento da população.
Por: Estadão Conteúdo