A estudante Bruna Oliveira da Silva, de 28 anos, assassinada perto da estação Corinthians-Itaquera, na zona leste de São Paulo, em abril deste ano, foi homenageada com a concessão simbólica de um diploma póstumo de mestrado.
A homenagem foi realizada na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), que fica no campus da Universidade de São Paulo (USP), na região leste da capital paulista, durante o 1º Seminário sobre Feminicídio e Violência Contra as Mulheres. realizado na terça-feira, 9.
Bruna foi assassinada perto da estação Corinthians-Itaquera. A jovem, que nasceu e cresceu no bairro da região leste da cidade, era formada em Turismo pela USP e fazia mestrado na mesma instituição. Ela deixou um filho único, Iuri, de 7 anos.
O evento foi realizado pelas Pró-Reitorias de Pós-Graduação (PRPG) e de Inclusão e Pertencimento (PRIP), em parceria com a direção da EACH.
O diploma honorífico de mestrado de Bruna foi recebido pelos pais da jovem, Simone da Silva e Florisvaldo Araújo de Oliveira.
A mãe da jovem relatou a alegria da filha ao dar a notícia de que tinha conseguido passar no mestrado e retornar para a USP. “Ela me ligou e falou: ‘Eu consegui, mãe, eu voltei para a instituição USP e vou te encher de orgulho novamente’. A gente comemorou, eu vibrei com ela, mas infelizmente, ela foi tirada de mim, tirada de nós, familiares e da instituição. Ela foi morta justamente pelo que defendia que era a segurança, as mulheres, a desigualdade social”, disse Simone.
“Deus sabe da minha dor de todos os dias. Eu sei que o legado dela não vai terminar, não vai acabar, não vai parar. A única coisa que peço a vocês é que digam para seus filhos todos os dias o quanto vocês os amam. Essa é a pior dor que estou sentindo. Mas também estou com o meu coração cheio de gratidão e de orgulho, porque minha filha sempre buscou pelos ideais, sempre lutou pelo que queria, sempre foi atrás. Ela nunca deixou ninguém falar para ela: ‘Você não pode’. Ela dizia: ‘Sim, eu posso’. E está aqui o resultado: essa homenagem para ela e só agradeço a cada um de vocês aqui (da instituição)”, falou Simone com orgulho sobre a trajetória da filha.
Durante a homenagem, professores que deram aula à jovem também destacaram o desempenho da estudante, assim como o legado deixado por ela, que foi vítima de feminicídio e também da falta de segurança pública.
Dias após o crime, o principal suspeito pela morte da estudante, Esteliano Madureira, de 43 anos, foi encontrado morto a 30 quilômetros do local do crime, na Avenida Morumbi, na zona sul. Uma das hipóteses da Polícia Civil é que ele foi executado pelo “tribunal do crime” do Primeiro Comando da Capital (PCC), espécie de Justiça paralela do crime organizado.
“Hoje não tem segurança nenhuma por ali, só em dia de jogo (na Arena Corinthians). Nos dias comuns, que têm estudantes e trabalhadores, não tem policiamento”, afirmou a mãe da vítima durante uma entrevista ao Estadão em maio deste ano.
Por: Estadão Conteúdo