Os preços dos alimentos recuaram em agosto pelo terceiro mês consecutivo, após uma sequência de nove meses de aumentos. De junho a agosto, a queda acumulada em Alimentação e bebidas foi de 0,91%.
A melhora recente tem relação com uma maior oferta de produtos no mercado doméstico, em meio à ocorrência de safras melhores, mas possivelmente também com alguma influência do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra alguns produtos exportados pelo Brasil para o mercado norte-americano.
A avaliação é de Fernando Gonçalves, gerente do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo ele, os itens com reduções de preços, como o café e frutas, apresentam maior oferta no mercado doméstico. Os recuos nos custos no varejo podem embutir já uma expectativa de queda do preço por conta de uma menor exportação futura em função do tarifaço, assim como uma possível redução em si na demanda pelas exportações brasileiras de determinados produtos. Porém, ainda não é possível precisar a ocorrência do fenômeno.
“Eu não tenho como precisar se tem impacto do tarifaço”, ponderou Gonçalves.
O grupo Alimentação e Bebidas saiu de um recuo de 0,27% em julho para uma queda de 0,46% em agosto, uma contribuição de -0,10 ponto porcentual para a taxa de -0,11% registrada pelo IPCA do último mês.
A queda em agosto foi puxada pela alimentação no domicílio, que caiu 0,83%. Os destaques foram as reduções no tomate (-13,39%), batata-inglesa (-8,59%), cebola (-8,69%), arroz (-2,61%) e café moído (-2,17%).
Quanto à alimentação fora do domicílio, houve uma elevação de 0,50% em agosto: o subitem lanche avançou 0,83%, e a refeição fora de casa subiu 0,35%.
Por: Estadão Conteúdo