Por Redação O Estado de S. Paulo – 08/07/2025 08:58
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, endossou durante um jantar na Casa Branca nesta segunda-feira, 7, o plano do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de expulsar os palestinos da Faixa de Gaza. A declaração aconteceu no momento em que as autoridades de Israel e do Hamas negociam um cessar-fogo para o conflito. Durante o jantar, o premiê também afirmou que indicou Trump ao Prêmio Nobel da Paz.
“Estamos trabalhando com os EUA para encontrar países dispostos a concretizar o que sempre dizem: que querem dar aos palestinos um futuro melhor”, declarou Netanyahu. A ideia, que foi apresentada pela primeira vez por Trump no início do ano, é rejeitada pelos palestinos, que querem o reconhecimento do Estado da Palestina.
O premiê também afirmou que a permanência dos palestinos seria uma questão de “livre escolha”, enquanto bombardeios e operações militares com ordens de retirada para civis seguem diariamente. O território vive uma crise humanitária que deixou a população em situação de miséria e fome. “Se as pessoas quiserem ficar podem ficar, mas se quiserem sair, devem poder sair. Não deveria ser uma prisão”, acrescentou.
Trump se mostrou reticente quando questionado sobre a realocação de palestinos, mas disse que os países ao redor de Israel estavam ajudando. “Tivemos grande cooperação dos países vizinhos, grande cooperação de cada um deles. Então, algo de bom vai acontecer”, disse Trump.
Os dois líderes também utilizaram o encontro para clamar vitória sobre o Irã, depois da guerra de 12 dias em junho, que culminou com ataques dos EUA contra bases nucleares iranianas.
Trump deixou claro que, depois do cessar-fogo com o Irã, gostaria de ver o conflito em Gaza terminar em breve. Ele disse que o Hamas “quer se reunir e quer um cessar-fogo”, enquanto o enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, declarou que tem esperança de que isso ocorra em breve. A Casa Branca anunciou nesta segunda que Witkoff viajará para Doha ainda esta semana para tentar finalizar o acordo.
A reunião na Casa Branca também abordou o futuro dos esforços diplomáticos entre EUA e Irã, que antes do conflito negociavam um acordo nuclear. Trump afirmou que o governo deve se reunir com o governo iraniano em breve. “Temos conversas agendadas com o Irã, e eles querem conversar. Eles levaram uma surra”, declarou.
Discussões para o cessar-fogo
Autoridades da Casa Branca pedem que Israel e o Hamas selem rapidamente um novo acordo de cessar-fogo que pausaria o conflito na Faixa de Gaza por 60 dias. O acordo proposto pelos EUA também inclui ajuda humanitária para Gaza e libertaria pelo menos alguns dos 50 reféns restantes mantidos no território palestino.
Um ponto crucial é se o cessar-fogo encerrará a guerra por completo. O Hamas afirmou estar disposto a libertar todos os reféns em troca do fim da guerra e da retirada total de Israel de Gaza. Netanyahu afirma que a guerra terminará quando o Hamas se render, se desarmar e partir para o exílio – algo que se recusa a fazer.
Manifestantes, incluindo familiares dos reféns, se reuniram do lado de fora do Capitólio dos EUA antes da reunião dos líderes para pressionar pela libertação de todos os reféns restantes em qualquer acordo.
“Não podemos aceitar um acordo para uma libertação parcial”, disse Ilan Dalal, pai de Guy Gilboa-Dalal. “Um acordo parcial significaria que alguns dos reféns permaneceriam nos túneis por mais tempo, o que seria uma sentença de morte.”
“A maior prioridade do presidente agora no Oriente Médio é acabar com a guerra em Gaza e devolver todos os reféns”, declarou a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, aos repórteres antes do jantar privado dos líderes. (Com agências internacionais).
Por: Estadão Conteúdo