A Polícia Civil de São Paulo identificou a participação de adolescentes em alguns atos de depredação e vandalismo contra ônibus que ocorreram na cidade de São Paulo nas últimas semanas.
O perfil dos suspeitos, aliado ao padrão dos ataques – em geral as pedras são atiradas na parte traseira e no lado esquerdo dos coletivos -, leva a polícia a trabalhar, neste momento, com a hipótese de que os ataques são organizados por grupos pela internet. “Nós identificamos a presença de pessoas de feição jovial em alguns ataques”, afirma Ronaldo Sayeg, diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
A empresa de ônibus Piracicabana registrou boletim de ocorrência na segunda-feira, 30. Os motoristas relataram à polícia que os autores dos ataques eram, na maioria, adolescentes. Eles arremessaram pedras para quebrar as janelas. “Descartamos, por ora, uma ação de facções criminosas. Isso em razão da ausência de um propósito. Trabalhamos com outras hipóteses que já foram ventiladas, como os desafios de internet”, diz Sayeg. A Divisão de Crimes Cibernéticos também está envolvida nos trabalhos para monitorar se há envolvimento de pessoas em plataformas digitais.
Como agem?
As ações criminosas são coordenadas e acontecem a partir das 22h, de maneira geral. Questionado sobre o avanço lento das investigações, o diretor afirma que a investigação é “peculiar” diante de uma situação atípica. Até o momento, dois suspeitos foram presos em flagrante, em São Bernardo do Campo e Diadema. Os investigadores afirmam, no entanto, que o perfil de atuação foi diferente dos outros ataques e parece ser uma situação isolada.
Sayeg também descarta que o vandalismo seja uma retaliação ao rompimento de contrato da Prefeitura de São Paulo com as empresas Transwolff e Upbus, por causa da suspeita de ligação com o PCC.
Segundo os investigadores, já foram registrados 180 ataques contra o transporte coletivo, 60% deles na zona sul. Já as empresas de ônibus contabilizaram 235 ataques. A divergência de dados se refere à ausência do registro dos boletins de ocorrência após alguns ataques, de acordo com o delegado Fernando Santiago, titular da 4.ª Delegacia de Crimes contra o Patrimônio.
Os locais com mais ocorrências são: Avenida Cupecê – 20 ataques; Rodovia Raposo Tavares – 17; Avenida Sapopemba – 8; e Avenida Vereador João de Luca – 8 ataques.
A situação foi denunciada pela SPUrbanuss, após a entidade levantar o número de casos e enviar ofícios diretamente às Secretarias de Estado da Segurança Pública (SSP) e de Segurança Urbana da Prefeitura de São Paulo, solicitando “providências para coibir os ataques que estão ocorrendo aos ônibus urbanos, desde meados de junho passado”.
“Tais ataques vêm causando expressivos prejuízos materiais e, mais grave ainda, comprometem a segurança e a integridade física dos usuários e trabalhadores do sistema, que têm se mostrado cada vez mais receosos de utilizar os ônibus diante da constante ameaça de serem vítimas de apedrejamentos ou agressões semelhantes”, diz o sindicato.
A entidade pede que seja reforçado o policiamento em locais “sabidamente vulneráveis e sujeitos ao vandalismo”. A Prefeitura de São Paulo diz que colabora com as apurações e colocou à disposição das autoridades estaduais as imagens da rede municipal de câmeras (Smart Sampa).
Resposta policial
A Polícia Militar anunciou nesta quinta-feira, 3, uma operação especial de policiamento do transporte coletivo, com cerca de 3.600 viaturas e 7.800 agentes. A previsão é de que as ações se estendam até 31 de julho.
Policiais e viaturas ficarão nos pontos estratégicos, como corredores, terminais de ônibus e garagens, como indicado pela SPUrbanuss. Além disso, vão monitorar e mapear os locais de maiores incidência das depredações.
Haverá apoio de militares da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam) e outras unidades especializadas da PM. A polícia também prepara ações veladas, com agentes infiltrados nos coletivos, para tentar conseguir prisões em flagrante.
Segundo a PM, o reforço do policiamento foi organizado a partir de um mapeamento das áreas mais atingidas pelos atos de violência. “Iniciamos a operação por meio de mapeamento e análise criminal dos locais de maiores incidências. Começamos a alocar os ativos operacionais para fazer a prevenção e, se for o caso, a repressão imediata”, disse o coronel Carlos Henrique Lucena, coordenador operacional da PM.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por: Estadão Conteúdo