O adolescente de 14 anos que matou o pai, a mãe e o irmão de 3 anos em Itaperuna-RJ no último sábado, 21, planejava sacar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) do pai, após a morte dele, e usar o dinheiro para viajar até o Mato Grosso, onde visitaria outra adolescente de 15 anos com quem iniciara um namoro virtual, segundo a Polícia Civil do Rio divulgou nesta quinta-feira, 26.
O jovem, que foi apreendido na quarta-feira, 25, contou à polícia que matou a família porque os pais eram contra o namoro e não o autorizaram a viajar para conhecer a menina.
A Polícia Civil também investiga se o adolescente não teria agido para ficar com o dinheiro do FGTS do pai. Antônio Carlos Teixeira, de 45 anos, tinha R$ 33 mil depositados no FGTS. A polícia já constatou que o filho sabia o saldo do pai e pesquisado como sacar o FGTS de pessoas mortas.
Ele também pesquisou maneiras de falsificar uma autorização de viagem interestadual em empresas de ônibus.
“Essas proibições (de viagem) e o desagrado dos pais em relação ao relacionamento virtual dele com a menina de outro Estado parecem ter sido fatores importantes. Foi isso que ele nos contou, pelo menos. No entanto, também existe a possibilidade de que a motivação tenha sido a ganância, já que ele sabia que o pai teria uma quantia significativa a receber do FGTS. Tudo isso está sendo investigado”, disse à imprensa nesta quinta-feira o delegado Carlos Augusto Guimarães, da 143ª DP (Itaperuna).
A adolescente de 15 anos que mantinha o namoro virtual com o jovem de Itaperuna foi localizada pela polícia. Ela mora em Água Boa, município de 30 mil habitantes de Mato Grosso, situado a mais de 700 km da capital Cuiabá.
“Nada impede de ela ter participado virtualmente. Se ela participou virtualmente, de forma a induzir, quer dar ideia ou instigar, quer reforçar a ideia da prática desses crimes, ela pode responder pelos meios devidos”, afirmou o delegado.
Como foi o crime
No sábado, o adolescente esperou os pais e o irmão de 3 anos dormirem, pegou a arma que havia em casa – que era registrada em nome do pai, autorizado a mantê-la como Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC) – e matou os três.
Depois, espalhou um produto químico pelo chão e arrastou os corpos do quarto do casal para a cisterna da casa, onde depositou os cadáveres.
No domingo, 22, e na segunda-feira, 23, parentes perguntaram ao adolescente pelos pais e pelo irmão, e ele contou que o irmão havia engolido um caco de vidro e tinha sido levado ao hospital pelos pais. Mas nenhuma unidade de saúde da região tinha registro de atendimento, então na terça-feira, 24, uma avó e um tio do adolescente comunicaram o desaparecimento à polícia.
Na quarta-feira, a polícia foi até a casa do adolescente para realizar uma perícia e encontrou manchas de sangue no colchão do casal, roupas ensaguentadas e, em uma bolsa, os celulares dos pais do adolescente. Ao sentirem um cheiro forte, os policiais verificaram a cisterna e encontraram os corpos.
O adolescente prestou depoimento, confessou o crime, segundo a Polícia Civil, e vai responder por ato infracional análogo a triplo homicídio e ocultação de cadáver.
Por: Estadão Conteúdo