O Instagram celebra 15 anos de existência consolidado como uma das plataformas mais influentes do mundo. Lançado em 6 de outubro de 2010 pelos empreendedores Kevin Systrom (EUA) e Mike Krieger (Brasil), o aplicativo nasceu com uma proposta descomplicada: permitir o compartilhamento de fotos com filtros vintage. Passadas uma década e meia, múltiplas transformações e mais de 3 bilhões de usuários ativos mensais depois, a plataforma se tornou um dos principais espaços de circulação de informação, formação de tendências culturais e articulação de debates públicos.
No Brasil, são mais de 140 milhões de usuários, segundo a Statista, o que posiciona o país como terceiro maior mercado da plataforma globalmente. De simples publicações no feed a transmissões ao vivo, o Instagram redefiniu os hábitos de consumo informativo e alterou permanentemente a dinâmica entre indivíduos, empresas e veículos de comunicação com suas audiências.
Brasileiros elegem Instagram como principal fonte de informação
Segundo o relatório Desigualdades Informativas: Entendendo os caminhos informativos dos brasileiros na internet 2024, produzido pelo Aláfia Lab, o Instagram liderou como a rede social mais utilizada pelos brasileiros para se informar em 2024. A pesquisa revelou que 68,8% dos participantes indicaram a plataforma como preferida na busca por informações. YouTube e Facebook aparecem na sequência, com 55,9% e 43,7%, respectivamente.
“Mais do que acompanhar tendências, a plataforma ditou padrões de interação digital e abriu caminho para que novas tecnologias, como a inteligência artificial generativa, passassem a moldar a forma como produzimos e consumimos conteúdo”, afirma Kenneth Corrêa, palestrante de Inteligência Artificial, especialista em dados, tecnologia e professor de MBA da Fundação Getulio Vargas (FGV), e autor do livro “Organizações Cognitivas: Alavancando o Poder da IA Generativa e dos Agentes Inteligentes”.
Com o Instagram, a forma como as informações são divulgadas mudou consideravelmente. “O Instagram é mais do que uma rede social; é um espelho da forma como consumimos e compartilhamos conhecimento. Em 15 anos, vimos a informação deixar de ser apenas noticiada por veículos tradicionais para ser cocriada por milhões de pessoas, em múltiplos formatos e velocidades”, acrescenta.
Instagram transformou comportamentos
Com o tempo, os usuários transformaram a plataforma em ambiente para se informar, buscar inspiração e vivenciar momentos de entretenimento de maneira participativa. Segundo pesquisa do Opinion Box, 81% dos usuários compartilham conteúdos do Instagram com outras pessoas e 73% salvam publicações para visualizar posteriormente, evidenciando alto grau de engajamento.
O mesmo levantamento aponta que conteúdos relacionados a viagem e turismo lideram as preferências dos usuários, com 52% demonstrando interesse. Na sequência aparecem temas ligados a saúde e fitness com 44%, gastronomia e receitas com 42% e humor com 42%.
“Hoje, o Instagram não só dita tendências culturais, como também influencia comportamento político, consumo e até a forma como nos relacionamos com a verdade. Ao mesmo tempo em que democratiza vozes, ele também expõe o desafio das bolhas informativas e da desinformação”, acrescenta Kenneth Corrêa.
O estudo do Opinion Box reforça a presença constante da plataforma no cotidiano: 93% dos usuários acessam o Instagram ao menos uma vez por dia, sendo que 57% entram diversas vezes ao longo do dia e 17% mantêm o aplicativo permanentemente aberto. Porém, a velocidade de disseminação de informações traz preocupações: 57% dos usuários reconhecem a presença significativa de fake news na plataforma.
Instagram como motor de vendas e decisões de consumo
A plataforma também exerce forte influência sobre o comportamento de compra, conforme destaca Thiago Muniz, especialista em marketing, vendas, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e CEO da Receita Previsível. “O Instagram transformou a forma como fazemos marketing: ele integra storytelling, dados e comportamento de compra em um único ecossistema. Para empresas de varejo, isso significa criar experiências digitais que não só engajam, mas também guiam o consumidor pela jornada de compra, do primeiro clique até a conversão, com insights que alimentam decisões estratégicas de marketing”.
Os números do Opinion Box demonstram esse impacto: 82% dos entrevistados seguem pelo menos uma empresa ou marca na plataforma, e 72% dos usuários já realizaram compras ou contrataram serviços que descobriram no Instagram.
“No varejo digital, o Instagram é mais do que engajamento: é uma ponte entre atenção e receita. Reels, stories e anúncios são ferramentas que, quando integradas com análise de dados, permitem mapear a jornada do consumidor, antecipar tendências e transformar interações em resultados tangíveis para a marca”, ressalta Thiago Muniz.

Impactos do Instagram no consumo de informação
Para celebrar os 15 anos da plataforma, listamos sete transformações que o Instagram promoveu no ecossistema informativo. Confira!
1. Informação instantânea por meio de lives e stories
A velocidade da informação foi redefinida. Hoje, os acontecimentos não são apenas reportados, mas vivenciados pelo público em tempo real. Essa proximidade gera engajamento instantâneo, mas também amplia a responsabilidade: cada compartilhamento pode propagar tanto conteúdos verídicos quanto incorretos, tornando crucial a compreensão dessa dinâmica por marcas e veículos de comunicação.
2. Protagonismo do conteúdo visual
No Instagram, imagens e vídeos são centrais. O visual emociona antes de informar, estabelecendo conexões imediatas. Informações que antes demandavam textos extensos agora são comunicadas em poucos segundos, tornando o conteúdo mais cativante e memorável — comprovando que, no ambiente digital, a visualização frequentemente se traduz em credibilidade.
3. Hashtags como ferramentas de mobilização
As hashtags operam como mecanismos de organização e alcance global. Movimentos sociais, causas ambientais e discussões políticas utilizam hashtags para formar comunidades temáticas, consolidar narrativas e amplificar vozes que frequentemente não encontrariam espaço nos canais tradicionais, transformando usuários em coautores de processos culturais e sociais.
4. A cultura do conteúdo efêmero
Com os stories, a urgência passou a definir o consumo informativo: o conteúdo desaparece, e a atenção deve ser capturada a cada instante. Essa característica efêmera transformou a produção, o planejamento e a narrativa de histórias, tornando a comunicação mais dinâmica, veloz e orientada para a relevância instantânea.
5. Criadores de conteúdo como novas autoridades
Produtores independentes se estabeleceram como referências confiáveis, competindo com veículos tradicionais. Essa mudança demonstra que autoridade não é mais exclusivamente institucional: ela é construída por meio de confiança, autenticidade e proximidade, redefinindo as interações entre marcas, jornalistas e audiências.
6. Algoritmos e a formação de bolhas informativas
A personalização do feed torna a experiência relevante e eficiente, mas também cria ambientes fechados, onde informações circulam predominantemente entre pessoas com visões semelhantes. Compreender essa dinâmica é fundamental: marcas e usuários precisam balancear relevância com diversidade de perspectivas, evitando o reforço de vieses e polarização.
7. Informação como ativo econômico
No Instagram, atenção é moeda. Cada curtida, compartilhamento ou salvamento não representa apenas engajamento: é um indicador de valor estratégico. O conteúdo deixou de ser neutro para se tornar ativo econômico, integrando informação, marketing e comportamento em um ecossistema digital que recompensa quem consegue capturar e converter atenção em experiências significativas.
Relevância cultural, social e política
O Instagram também se tornou palco de movimentos culturais e sociais de alcance mundial. De #BlackLivesMatter a #EleNão, passando por mobilizações ligadas ao meio ambiente, saúde e direitos das mulheres, a plataforma se consolidou como espaço de articulação política e de visibilidade para pautas que não encontravam espaço nos canais tradicionais.
Na música, moda e artes visuais, o Instagram possibilitou que novos artistas independentes alcançassem públicos antes inacessíveis. Atualmente, a rede é considerada fundamental para estratégias de economia criativa, funcionando como vitrine, meio de difusão e ferramenta de monetização para criadores.
5 curiosidades sobre os 15 anos do Instagram
A seguir, veja cinco curiosidades da plataforma ao longo desses 15 anos de existência:
- A primeira publicação na história do Instagram, feita em 2010 por Systrom, foi a fotografia de um cachorro;
- Em 2012, o aplicativo foi adquirido pelo Facebook por US$ 1 bilhão — uma das maiores transações da época no setor tecnológico;
- O Brasil figura entre os cinco maiores mercados do Instagram no mundo;
- Stories (2016), reels (2020) e compras integradas (2020) representam algumas das principais inovações que expandiram o uso da plataforma;
- Em 2019, o Instagram iniciou testes para ocultar o número de curtidas em publicações no Brasil e em outros países, alterando a percepção de engajamento na rede.
O Instagram mostra todos os dias como uma rede social pode ir muito além das fotos e curtidas. “Olhar para os 15 anos do Instagram é perceber que a plataforma foi muito além de tecnologia e entretenimento: ela se tornou um ecossistema de informação, cultura e conexão social. Cada feed, cada algoritmo e cada formato de interação carrega potencial para ampliar vozes, democratizar oportunidades criativas e gerar experiências significativas, mas, como tudo, tem dois lados: também apresenta riscos, como bolhas informativas e desinformação”, explica Kenneth Corrêa.
Em tempos de conexão constante, refletir sobre o papel da tecnologia na comunicação é essencial. “O desafio para os próximos anos é equilibrar alcance, diversidade e qualidade da informação, usando a tecnologia não apenas para informar, mas para conectar pessoas, gerar empatia e fortalecer narrativas que sejam ao mesmo tempo humanas e responsáveis. É nesse equilíbrio que se mede o impacto real das redes sociais e o futuro de sua contribuição para a construção coletiva do conhecimento”, finaliza o autor e especialista em dados e tecnologia.
Por Letícia Carvalho
Fonte: Portal EdiCase