A criação de uma cozinha ergonômica envolve decisões que consideram circulação, medidas adequadas e uso inteligente de superfícies. Cada detalhe influencia a funcionalidade, o conforto durante o preparo dos alimentos e a organização cotidiana. Pensar nisso desde o início evita retrabalhos e melhora a experiência no espaço.
Nesse sentido, o arquiteto Paulo Tripoloni, à frente do Atelier que leva seu nome, reúne dicas importantes que norteiam a criação de um ambiente acolhedor, com alturas ideais, distâncias estratégicas, iluminação eficiente e muitos outros atributos que jamais podem ficar de fora. As orientações mostram como equilibrar função, bem-estar e dinâmica familiar em um único projeto. Confira!
Por trás de muitas cozinhas impecáveis, há um detalhe que só se revela com o tempo: a falta de funcionalidade. Circulação travada, armários mal posicionados, falta de espaço para apoiar ingredientes ou até mesmo a ausência de uma tomada onde mais se precisa, tudo isso, segundo Paulo Tripoloni, vem da ausência de planejamento, um erro invisível à primeira vista, mas que compromete a produtividade diária.
Mais do que beleza, uma boa cozinha exige lógica, em que se entende os fluxos, prevê ações, pensa no preparo, no armazenamento, na limpeza e no convívio, tudo ao mesmo tempo. Para o arquiteto, é no planejamento que o projeto se alinha com os fundamentos da ergonomia, que servem além de padronizar as medidas, para adaptar o espaço ao morador.
“Uma cozinha para ser vivida precisa ser pensada para isso, não adianta seguir tendências se elas não se encaixam na rotina dos viventes. Uma bancada bonita, mas com altura errada, vai causar incômodo no dia a dia”, alerta.
Para Paulo Tripoloni, um projeto com soluções ergonômicas vai trazer para a rotina:
“Quando cada área da cozinha tem uma função bem definida, tudo muda: o ambiente fica mais intuitivo, leve e gostoso de usar”, afirma.
A altura da bancada, da pia e do fogão deve respeitar a estatura de quem usa a cozinha. Em média, varia entre 90 e 100 cm, mas nada impede ajustes pontuais, já a profundidade padrão de 60 cm acomoda o cooktop e 70 cm para cubas profundas sem sacrificar espaço de circulação nem exigir grandes extensões.
“Mas ergonomia é personalização. Se a bancada não respeita o corpo de quem cozinha, o projeto, por mais bonito que seja, falha na essência. Por exemplo, já fizemos bancadas com 1 m de altura para pessoas bem altas e funcionou muito bem”, pontua Paulo Tripoloni.
Acima do fogão, a coifa ou o depurador precisa estar a 75 cm a 90 cm de distância para evitar calor excessivo no rosto de quem cozinha e, ao mesmo tempo, capturar vapores usuais.
Quem jamais ouviu falar da regra do triângulo talvez não saiba que ele representa a lógica entre pia, fogão e geladeira, para que o morador não precise se deslocar desnecessariamente — o ideal fica entre 1,20 e 2,70 m. Esse valor, entretanto, não é definitivo. “Gosto de lembrar que regra boa é a que escuta o morador. Cada cozinha tem seu ritmo, e o triângulo precisa acompanhar esse compasso”, ressalta o arquiteto.
Famílias que cozinham juntas ou que usam eletrodomésticos complementares, como air fryer, forno de embutir e adega, merecem adaptações no esquema clássico, sempre priorizando fluxos naturais e evitando cruzamentos perigosos de panelas e crianças. Vale ressaltar que as aberturas das portas de armários e eletros podem incidir diretamente no conforto e circulação.
Para o projeto luminotécnico, Paulo Tripoloni compartilha que sempre dá preferência a uma iluminação em três camadas: luz geral entre 300 e 500 lux; para luz funcional, fitas de LED neutras (2.700 a 3.000 K) sob os armários para as bancadas; e uma iluminação decorativa que valoriza texturas e dá clima às reuniões noturnas.
“Dessa forma, podemos transformar a atmosfera da cozinha ao longo do dia. Prefiro LEDs lineares nas bancadas porque eliminam sombras e deixam as mãos livres para cortar e medir ingredientes, mas sem exageros já que o LED tende a causar um cansaço visual”, ensina.
Com a tendência da integração das áreas sociais, salas abertas para a cozinha passaram a demandar um desenho que delineie, sutilmente, a área de preparo e a de convivência, com uso de bancadas em meia-altura, pendentes decorativos e variações de revestimento para criar barreiras visuais sem erguer paredes. “Uso a ilha como ponte entre o operacional e o social. Assim, quem cozinha continua no centro da conversa, sem levar fumaça para a sala”, comenta o profissional.
Esse equilíbrio também exige conhecer o perfil dos moradores, já que casais que adoram cozinhar juntos podem preferir uma bancada mais larga, assim como quem faz jantares para amigos valoriza espaço de apoio para pratos e taças.
Mudaram os hábitos, surgiram novas tecnologias e as ilhas e penínsulas viraram as protagonistas das cozinhas e áreas gourmet. Para elas brilharem, no entanto, é preciso reservar no mínimo 90 cm ao redor e o conforto pleno chega com 1,20 m livres. Quando concentram cooktop, cuba ou tomadas de apoio, planejar gavetões, portas e até a abertura da lava-louças é fundamental.
“Além da distância, penso na função: se a ilha ou a península serve de preparo, ela precisa de hidráulica, elétrica e iluminação eficientes”, explica Paulo Tripoloni.
A janela é um dos principais elementos arquitetônicos de um projeto. O mais correto para cozinhas são janelas que ocupem pelo menos 1/8 da área do ambiente, assegurando a renovação do ar, principalmente se posicionadas para criar ventilação cruzada. Em apartamentos integrados, porém, a exaustão mecânica pode se tornar a principal, mas primeiro é preciso entender os ventos incidentes para garantir uma ventilação cruzada.
Outro item necessário são coifas e exaustores potentes, dimensionadas em m³/h conforme o volume do espaço, que impedem que odores e gordura cheguem à sala de estar, aliado discreto de quem gosta de receber amigos e família, mas não quer cheiro de fritura nas almofadas. “Ventilação natural é ótima, mas sem uma boa coifa o cheirinho de alho vira hóspede permanente”, brinca o profissional.
Seja em cozinhas compactas, seja em ambientes com ilha digna de chefs, a ergonomia continua sendo o ingrediente secreto para que o espaço funcione. Medidas bem calculadas, iluminação em camadas e ventilação eficiente garantem que a tarefa de cozinhar aconteça sem dores, tropeços ou fumaça. E, como lembra o arquiteto Paulo Tripoloni, “projeto bom é aquele que acompanha o dia a dia dos moradores, evoluindo com eles e tornando cada refeição um momento prazeroso”.
Por Emilie Guimarães
Fonte: Portal EdiCase
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