O polvo é um dos animais mais inteligentes e misteriosos do reino marinho. Pertencente à classe dos cefalópodes, o mesmo grupo das lulas e sépias, ele habita mares e oceanos ao redor do mundo, especialmente em regiões tropicais e temperadas. Com um corpo mole, sem esqueleto e dotado de oito braços repletos de ventosas extremamente sensíveis, consegue explorar, se camuflar e se defender com uma destreza impressionante.
Abaixo, confira algumas curiosidades sobre os polvos!
1. Sangue azul e transporte de oxigênio
O sangue do polvo é azul, e isso tem uma explicação científica: ele contém uma molécula chamada hemocianina, que utiliza cobre — e não ferro, como a hemoglobina humana — para transportar oxigênio. Essa substância é muito mais eficiente em temperaturas baixas e ambientes com pouco oxigênio, o que permite que o animal viva até mesmo em mares profundos ou gelados.
2. Três corações que trabalham de forma coordenada
O polvo tem três corações, e cada um deles desempenha uma função essencial. Dois bombeiam o sangue para as brânquias, onde ocorre a oxigenação, e o terceiro envia o sangue oxigenado para o restante do corpo. Essa divisão faz com que o sistema circulatório funcione com alta eficiência, especialmente em animais que vivem em águas frias, onde o metabolismo é mais lento.
Um fato curioso é que, quando o polvo nada utilizando a propulsão a jato — um método rápido e potente de locomoção —, o coração principal para temporariamente de bater. Isso acontece porque o movimento exige tanta energia que o corpo prioriza o fluxo de sangue para os músculos e braços. Por esse motivo, o animal prefere “andar” com seus tentáculos em vez de nadar constantemente, economizando energia e reduzindo o estresse cardiovascular.
3. Inteligência comparável à de alguns mamíferos
Entre os invertebrados, o polvo é considerado o mais inteligente. Ele possui um cérebro grande em relação ao corpo e cerca de 500 milhões de neurônios, número próximo ao de alguns mamíferos. O mais impressionante é que quase dois terços desses neurônios estão distribuídos em seus braços, o que significa que cada tentáculo tem uma espécie de “autonomia” para agir e reagir a estímulos.
O polvo é capaz de resolver problemas complexos, abrir potes, escapar de aquários, reconhecer pessoas e até aprender por observação. Essa inteligência é resultado da necessidade de adaptação a ambientes desafiadores, onde ele precisa caçar, se esconder e manipular objetos para sobreviver. É por isso que é frequentemente estudado por cientistas que pesquisam comportamento animal e até neurociência.

4. Camuflagem instantânea e comunicação por cores
Uma das habilidades mais impressionantes do polvo é sua camuflagem perfeita. Ele pode mudar de cor, textura e até de forma em questão de segundos. Isso é possível graças a células especiais na pele chamadas cromatóforos, iridóforos e leucóforos, que refletem e manipulam a luz de maneiras diferentes.
Essas células permitem que o animal se misture ao ambiente, assumindo a aparência de rochas, corais, areia ou algas. Além de proteção contra predadores, essa habilidade também é usada para caçar de surpresa e até para se comunicar com outros polvos, exibindo padrões e cores que indicam agressividade, medo ou disposição para acasalar.
5. Capacidade de regenerar os braços
Assim como algumas espécies de lagartos que regeneram o rabo, o polvo tem a incrível capacidade de recriar um braço perdido. Quando ele perde um tentáculo — seja por ataque de predadores ou acidentes —, o corpo inicia um processo biológico de regeneração completa, que pode durar semanas ou meses, dependendo da espécie e das condições do ambiente.
Durante esse período, novas células se multiplicam rapidamente na região lesionada até formarem músculos, ventosas e nervos. O braço novo mantém todas as funções anteriores, inclusive o tato e o controle autônomo.
6. Ciclo de vida curto, mas reprodução intensa
Apesar de toda sua complexidade, o polvo tem um ciclo de vida relativamente curto, que pode variar de seis meses a cinco anos, dependendo da espécie. O período reprodutivo é um dos momentos mais marcantes da sua vida. O macho transfere os espermatozoides para a fêmea usando um braço especializado chamado hectocótilo e, após a fertilização, a fêmea passa semanas ou meses cuidando dos ovos sem se alimentar.
Durante esse tempo, ela oxigena os ovos e os protege contra predadores até a eclosão. Após o nascimento dos filhotes, a fêmea entra em um processo de envelhecimento acelerado, conhecido como senescência, e morre logo depois. Esse comportamento de sacrifício materno é comum entre os cefalópodes e garante que a nova geração tenha mais chances de sobrevivência.
7. Veneno poderoso, mas raramente letal para humanos
Todas as espécies de polvo possuem veneno, usado para imobilizar suas presas, como peixes e crustáceos. Em geral, esse veneno não é perigoso para os seres humanos, mas existe uma exceção: o famoso polvo-de-anéis-azuis, encontrado na região do Pacífico, cuja toxina — a tetrodotoxina — pode ser letal até para humanos.
Mesmo assim, a maioria das espécies usa o veneno apenas para caça. Ele é liberado com a saliva, dissolvendo o corpo da presa e facilitando a digestão. Essa estratégia é uma vantagem evolutiva, pois permite que o polvo se alimente de criaturas que vivem protegidas em conchas ou carapaças rígidas.
Fonte: Portal EdiCase