Apesar dos avanços na saúde e da ampliação de campanhas educativas, o câncer de pulmão ainda figura entre os maiores desafios da oncologia. O tabagismo permanece como o principal fator de risco, responsável por 80% das mortes relacionadas à doença no país, de acordo com a Fundação do Câncer. Os números do INCA (Instituto Nacional do Câncer) revelam uma dimensão ainda mais dura: 477 brasileiros morrem todos os dias em decorrência do tabaco e da exposição passiva a ele, o que representa 174 mil mortes que poderiam ser evitadas anualmente.
O cigarro não é o único vilão. A pneumologista Gilda Elizabeth, do Hospital Brasília Águas Claras, da Rede Américas, alerta que, além do cigarro tradicional, novas formas de consumo de nicotina, como cigarros eletrônicos, pods e narguilé, também oferecem riscos elevados.
A seguir, veja alguns mitos e verdades sobre o câncer de pulmão e o tabagismo explicados pela médica!
1. Se eu parar de fumar, logo estarei livre do risco de câncer de pulmão”
Mito. Embora o risco diminua com o tempo, ex-fumantes ainda têm maior probabilidade de desenvolver câncer de pulmão comparando com quem nunca fumou. Portanto, se faz necessário o acompanhamento de ex-tabagistas por até 15 anos após a interrupção do hábito de fumar.
2. Cigarro eletrônico e narguilé são mais seguros do que o cigarro comum
Mito. Pods, vapers e narguilé também liberam substâncias tóxicas e altamente cancerígenas que prejudicam o pulmão e aumentam o risco de câncer. Há a preocupação com a possibilidade de surgirem tumores mais agressivos em faixas etárias cada vez mais jovens.
3. O câncer de pulmão sempre apresenta sintomas no início
Mito. Na fase inicial, a doença costuma ser silenciosa. Tosse persistente, falta de ar e dor no peito geralmente surgem em estágios mais avançados, quando o tratamento costuma ser mais difícil.

4. Tomografia de tórax de baixa dose ajuda a salvar vidas
Verdade. O exame permite identificar nódulos benignos ou malignos precocemente, possibilitando cirurgias menos invasivas e aumentando as chances de cura.
5. Só quem fuma muito precisa se preocupar
Mito. A exposição à fumaça, mesmo passivamente, também pode causar câncer de pulmão e outras doenças respiratórias graves, como bronquite crônica e enfisema pulmonar, além de aumentar o risco de doenças cardiovasculares.
6. Os benefícios de parar de fumar são sentidos somente a longo prazo
Mito. Ao parar de fumar, alguns benefícios são imediatos, como:
- 20 minutos: a pressão arterial e a frequência cardíaca começam a voltar ao normal;
- 12 horas: os níveis de monóxido de carbono no sangue retornam ao normal, melhorando a oxigenação dos tecidos e órgãos;
- 24 horas: o risco de ataque cardíaco já começa a diminuir;
- 48 horas: as terminações nervosas começam a se regenerar, melhorando o olfato e o paladar, e os pulmões começam a eliminar secreções e resíduos;
- 72 horas: a capacidade pulmonar aumenta e a respiração se torna mais fácil;
- 2 semanas a 3 meses: a circulação continua a melhorar e a função pulmonar pode aumentar em até 30%;
- 1 a 9 meses: a tosse e a falta de ar diminuem, e os cílios das vias respiratórias voltam a remover muco e impurezas, ajudando a prevenir infecções.
Por Natália Monteiro
Fonte: Portal EdiCase