A doença falciforme é caracterizada por desordens hereditárias nas quais há produção de hemoglobina anormal (hemoglobina S), que provoca distorção dos glóbulos vermelhos em formato de foice ou crescente, dificultando o fluxo sanguíneo e reduzindo a capacidade de transporte de oxigênio. Para o tratamento da condição, além de terapias médicas, a nutrição tem um papel relevante no suporte à saúde dos pacientes, sobretudo no manejo da anemia, um dos principais desafios desse quadro.
No Brasil, conforme o Ministério da Saúde, estima-se haver entre 60 a 100 mil pessoas vivendo com algum tipo da doença falciforme. Apesar de ser considerada uma doença rara, no país a incidência é significativa — cerca de 3,75 novos casos a cada 10 mil nascidos vivos.
“Por serem glóbulos vermelhos com vida útil encurtada e por haver maior destruição, ocorre queda permanente na contagem de glóbulos vermelhos funcionais, o que gera anemia. Dessa forma, a doença falciforme exige tanto tratamento médico quanto cuidados complementares, o que inclui a alimentação, que pode melhorar a condição geral, suportar a produção de células sanguíneas e minimizar impactos adversos”, destaca a nutricionista Rayana Silva de Almeida, professora do curso de Nutrição da Faculdade Pitágoras.
Quais são as causas da anemia falciforme?
No quadro da doença falciforme, a anemia decorre da destruição acelerada das células vermelhas com hemoglobina S e da produção intensa de novas células para compensar. Essa demanda aumentada exige mais nutrientes envolvidos na formação e manutenção dos glóbulos vermelhos saudáveis. Muitos pacientes com a condição apresentam deficiência de vitaminas e minerais importantes, como vitamina D, cálcio, zinco, entre outros.
Nutrientes importantes que apoiam no cuidado da anemia falciforme
A nutricionista salienta que a alimentação adequada ajuda a suprir a necessidade de proteína, energia e micronutrientes, além de manter o fluxo sanguíneo adequado. “A ingestão adequada de nutrientes também pode apoiar no funcionamento do sistema imune, reduzindo a inflamação e melhorando a qualidade de vida. Portanto, embora a dieta não cure a doença falciforme, ela é parte importante do cuidado integrado”, aponta.
A seguir, Rayana Silva de Almeida lista 5 nutrientes importantes para quem tem anemia falciforme. Confira!
1. Folato (vitamina B9)
A produção de novos glóbulos vermelhos exige síntese de DNA e divisão celular, o folato é fundamental nesse processo. Em pessoas com doença falciforme a demanda pode ser aumentada pela hemólise contínua. Alimentos ricos em folato são verduras de folha verde-escura, como espinafre, couve e brócolis; leguminosas, como feijão, lentilha e grão-de-bico; além de abacate, aspargo, laranja e outras frutas cítricas.
2. Proteína de boa qualidade e energia adequada
Para manter a produção de células sanguíneas e tecidos, o corpo precisa de proteína suficiente; pacientes com doença falciforme podem ter maior gasto energético. Alimentos aliados são carnes magras como frango e peixe; ovos; laticínios; leguminosas e oleaginosas, como nozes, e sementes.

3. Vitamina C e alimentos antioxidantes
A vitamina C auxilia a absorção de ferro quando necessário e ajuda a reduzir o estresse oxidativo, que é maior em pessoas com doença falciforme devido à hemólise. Alimentos aliados são frutas cítricas como laranja e morango, pimentão, brócolis, tomate, kiwi; além disso, comidas ricas em antioxidantes, como bagas, cerejas e folhas verdes.
4. Vitamina D, cálcio e nutrientes para ossos e imunidade
Pacientes com doença falciforme têm risco aumentado de problemas ósseos, crescimento deficiente e deficiência de vitamina D. Alimentos aliados são peixes gordos como salmão e sardinha; ovos; lácteos fortificados; cogumelos expostos ao sol e vegetais verde‑escuros.
5. Hidratação e alimentos com baixo risco de exacerbação da hemólise
A desidratação favorece que as células falciformes “se juntem” ou fiquem mais rígidas, agravando crises vaso‑oclusivas. Alimentos e bebidas aliados são água, chás suaves, sucos naturais diluídos, evitar o excesso de cafeína e bebidas que favoreçam a desidratação. Além disso, vale incluir na rotina frutas com boa quantidade de água.
Acompanhamento médico é indispensável
A nutricionista conclui reforçando que cada pessoa tem perfil clínico diferente. “Apesar da alimentação ser um instrumento auxiliar, não substitui o tratamento médico da anemia falciforme (como uso de medicamentos, monitoramento, transfusões etc.). O grau de anemia, tratamento, ocorrência de crises, devem ser monitorados por um nutricionista ou hematologista, para a adaptação adequada e orientações dietéticas”, finaliza Rayana Silva de Almeida.
Por Camila Souza Crepaldi
Fonte: Portal EdiCase