Com apenas 4% dos resíduos sólidos urbanos sendo reciclados no Brasil anualmente, segundo a Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), existe um potencial enorme para que cada família contribua significativamente com a preservação do meio ambiente.
Erros comuns como a mistura de diferentes tipos de plástico, papel engordurado, vidro quebrado e embalagens mal limpas ainda dificultam o processo de reciclagem e podem inviabilizar o reaproveitamento de todo um lote de materiais nas cooperativas.
Confira a seguir dicas práticas para transformar o descarte doméstico em ação efetiva de proteção ambiental!
1. Lave corretamente as embalagens
Para uma reciclagem eficaz, não é necessário higienizar as embalagens com a mesma quantidade de água e sabão usada para lavar louça. “Basta retirar o excesso com água corrente, esvaziando completamente os recipientes”, orienta Jordão Resende, diretor de Operações da eureciclo, empresa que promove a sustentabilidade.
Em produtos mais consistentes, como iogurtes e molhos, o indicado é passar um guardanapo de papel, de preferência já utilizado, ou realizar um enxágue rápido com a água de reuso da lavagem da louça. A higienização básica evita a proliferação de fungos e insetos, melhora as condições de trabalho dos catadores e aumenta a chance de o material ser reaproveitado.
Resíduos de alimentos, óleos, molhos ou cremes são os que mais comprometem a qualidade do material reciclável. “Uma embalagem suja pode contaminar outras e inviabilizar lotes inteiros nas cooperativas”, explica Silmara Neves, cientista, doutora em Química e cofundadora da IQX.
2. Seque as embalagens antes de descartar
Após a limpeza inicial, é ideal deixar as embalagens secarem antes de descartá-las. Isso evita odores e a contaminação de outros materiais recicláveis, como o papel. Embalagens úmidas podem atrair vetores e contaminar materiais como papel e papelão, inviabilizando sua reciclagem.

3. Não misture diferentes tipos de materiais
A mistura inadequada é um dos principais problemas que comprometem a reciclagem. Misturar recicláveis com orgânicos e rejeitos, como papel higiênico, fraldas, absorventes e fitas adesivas, contamina todo o material.
Além disso, o ideal é manter separados papel sem gordura, vidro inteiro, plástico limpo e metal. Para garantir a segurança dos catadores, vidros quebrados devem ser embalados em jornal ou caixas de papelão.
Em caso de dúvida, consulte as orientações da coleta seletiva da sua cidade. Em municípios sem coleta seletiva, a solução é levar os resíduos a pontos de entrega voluntária, ecopontos ou diretamente a cooperativas.
4. Repense suas compras: alguns materiais são de difícil reciclagem
Nem todos os materiais possuem rotas de reciclagem economicamente viáveis. O isopor é logisticamente complexo devido ao seu grande volume e baixo peso. O vidro, apesar de ser 100% reciclável, tem baixo valor de mercado e alto custo de transporte. Embalagens metalizadas, como as de salgadinhos, e embalagens multicamadas também dificilmente são recicladas em grande escala.
Por isso, repensar a geração de lixo também é fundamental. Levar sacolas reutilizáveis ao mercado, usar garrafas duráveis e dar preferência a embalagens retornáveis são atitudes simples com grande impacto.
O impacto real da reciclagem doméstica
No Brasil, uma família de quatro pessoas gera mais de 1,5 tonelada de resíduos por ano. Ao adotar a separação correta, essa mesma família pode desviar centenas de quilos de materiais recicláveis dos aterros. Isso, por si só, já significa economizar recursos naturais, reduzir a poluição e, fundamentalmente, gerar renda para os profissionais das cooperativas de reciclagem.
Além disso, uma família que faz reciclagem emite menos gases de efeito estufa e por consequência mitiga ações que impactam as mudanças climáticas.
Por Natalia Gómez
Fonte: Portal EdiCase