3 motivos para verificar os seus níveis de colesterol

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3 motivos para verificar os seus níveis de colesterol

No Brasil, cerca de 4 em cada 10 adultos apresentam níveis alterados de colesterol, segundo alerta da Sociedade Brasileira de Cardiologia. O elevado nível de LDL (o chamado “colesterol ruim”) aumenta significativamente o risco de infarto e acidente vascular cerebral (AVC), doenças que vitimaram juntas 20.184 brasileiros em todo o país apenas no primeiro semestre deste ano, conforme registro do DataSUS, do Ministério da Saúde. Esses dados reforçam a urgência de cuidados preventivos com a saúde do coração.

A endocrinologista Dra. Flávia Pieroni, do São Marcos Saúde e Medicina Diagnóstica, da Dasa, explica que o colesterol é essencial para o bom funcionamento do corpo, mas que, quando em excesso, se acumula nas paredes das artérias, formando placas que podem dificultar a circulação sanguínea.

“O HDL, o ‘bom colesterol’, atua como um ‘faxineiro’, removendo o excesso de gordura das artérias e transportando-o de volta para o fígado para ser eliminado. Embora as altas taxas de HDL sejam protetoras contra a doença cardiovascular, elas não são suficientes para reduzir o risco cardiovascular. Essa avaliação só pode ser feita com um conjunto de outros fatores clínicos, por isso é tão importante checar como está a saúde”, alerta.

A seguir, a médica elenca outras três razões para verificar os seus níveis de colesterol. Confira!

1. Colesterol alto é um perigo silencioso

Muitas pessoas desconhecem seus próprios índices de colesterol, já que o problema costuma ser silencioso. “O colesterol LDL alto, geralmente, não apresenta sintomas; por isso, é importante fazer exames para conhecer seus números e riscos. Um exame de sangue chamado perfil lipídico pode ser solicitado pelo seu médico para medir cinco valores importantes: colesterol LDL (ruim), colesterol HDL (bom), triglicerídeos, colesterol total e colesterol não HDL”, explica a Dra. Flávia Pieroni.

A “Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose”, publicada em setembro de 2025, recomenda que, para a maioria dos adultos saudáveis, o nível ideal de colesterol LDL seja abaixo de 115 mg/dL. Outros fatores de risco, como hipertensão arterial, tabagismo, diabetes, obesidade e sedentarismo, pioram a saúde e aumentam a chance de infarto ou de derrame, tornando necessários níveis ainda mais baixos de colesterol LDL para preveni-los.

2.Intervir precocemente

Manter o controle sobre os níveis de colesterol é fundamental para intervenções médicas precoces e personalizadas. Um exemplo é o recente estudo da Genera, laboratório especializado em genômica pessoal do Brasil, “O perfil do DNA do brasileiro na saúde e bem-estar”, que analisou o DNA de mais de 19 mil brasileiros e identificou marcadores genéticos associados a diferentes perfis de gordura no sangue.

A partir dessa análise, foram criados escores de risco poligênico que estimam, com base apenas no DNA, a chance de uma pessoa ter alterações nos níveis de lipídios. Por exemplo, indivíduos com maior risco genético para triglicerídeos elevados têm 6 vezes mais chances de desenvolver a condição, enquanto para o colesterol total, o risco é 9 vezes maior.

Essa pesquisa, atualmente em processo de revisão por uma revista científica internacional, pode aprimorar a previsão de doenças cardiovasculares e possibilitar estratégias de prevenção mais eficazes e personalizadas no Brasil. Além disso, prova que os exames genéticos são ferramentas importantes, pois analisam o DNA para identificar variantes ligadas a doenças hereditárias que elevam o colesterol e os triglicerídeos.

O Painel NGS para Dislipidemias Familiares, por exemplo, permite detectar variantes em genes responsáveis por formas familiares de dislipidemia — geralmente mais graves, de início precoce e com pior resposta ao tratamento convencional. O exame pode facilitar o diagnóstico dessas condições, possibilitando a adequação do tratamento e o aconselhamento genético para familiares. Entretanto, a prevenção segue uma regra básica: sempre com a adoção de hábitos saudáveis, como uma alimentação equilibrada e a prática de exercícios físicos regulares.

Homem vestindo blusa laranja e short preto correndo em um parque
Adotar uma alimentação saudável e praticar atividade física são medidas clássicas no tratamento do colesterol alto (Imagem: NDAB Creativity | Shutterstock)

3.Realizar tratamentos modernos e personalizados

Para combater o colesterol alto, o plano de tratamento clássico pode incluir mudanças no estilo de vida — como adotar uma alimentação saudável e abandonar o sedentarismo — e o uso de medicamentos. Mas para casos em que os remédios orais não são suficientes ou para pacientes de alto risco ou com hipercolesterolemia familiar, novas terapias, como os tratamentos por infusão, oferecem uma alternativa promissora.

“Geralmente, o tratamento se inicia com a prescrição médica de estatinas — que são as medicações mais utilizadas para baixar o colesterol LDL — e/ou de ezetimiba, outra classe de medicamentos. Em casos especiais, pode ser necessário outro tipo de terapia, como o uso de inibidores da proteína PCSK9 que normalmente impede o fígado de remover o colesterol da circulação. Ao inibi-la, a capacidade do fígado de eliminar o colesterol ruim é restaurada, resultando na redução significativa da substância”, explica a endocrinologista.

Atualmente, a indicação dos iPCSK9 é restrita à prevenção secundária, ou seja, para pacientes que já tiveram eventos cardiovasculares, sendo prescrita se o uso de outros remédios não obteve o resultado esperado. Esses tratamentos — que são administrados por meio de injeções intravenosas sob a supervisão de um profissional de saúde — representam um avanço importante, especialmente para pessoas com histórico de infarto ou AVC, em que o objetivo é manter o LDL em um nível ainda mais baixo, de 70 mg/dL ou mesmo abaixo de 50 mg/dL.

Por Bruno Camargos





Fonte: Portal EdiCase

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