Imagem: Victória LeãoCom a participação da fisioterapeuta Cristina Lopes Afonso, que teve o corpo incendiado, aos 20 anos, pelo namorado, em Curitiba (PR), em 1986, e o lançamento, em Goianésia, do livro “Maria da Penha nas Escolas”, realizou-se nesta terça-feira, 10, a Jornada em Direitos das Mulheres.

O evento é uma parceria do Coletivo Carolina Maria de Jesus, da Faculdade Evangélica de Goianésia - Faceg, com o Colégio Estadual da Polícia Militar de Goiás - CEPMG - José Carrilho, e a Secretaria de Estado da Educação, por meio Coordenação Regional de Educação - CRE - de Goianésia, com apoio da Prefeitura de Goianésia, por meio da Secretaria Municipal de Educação, da Procuradoria da Mulher da Câmara Municipal de Goianésia, e da Skambau Produções.

Participaram da abertura da jornada, no polo Goianésia da Universidade Aberta do Brasil - UAB, o professor Rafael Alves, idealizador do evento, a coordenadora regional de Educação, Gislene Fonseca, a secretária municipal de Educação, Elisandra Carla Menezes, a coordenadora do Coletivo Carolina Maria de Jesus, Agnes Raquel Camisão, e a vereadora e procuradora da Mulher na Câmara Municipal de Goianésia, Salete Carrilho.

O evento, distribuído em três atividades, um em cada turno, e em três espaços diferentes da cidade, trouxe também à Goianésia a responsável pelo projeto e livro “Maria da Penha nas Escolas”, Manoela Marilda Batista Barbosa, e Victória de Melo Leão, uma das pesquisadoras que estão elaborando o “Manual da Professora/Professor” do livro “Maria da Penha nas Escolas”, convidadas, que ministraram a formação, ainda pela manhã, para professores de Língua Portuguesa da Rede Estadual de Educação dos oito municípios abrangidos pela CRE e para coordenadores das escolas da Rede Municipal de Educação de Goianésia, que têm ensino fundamental.

“Manhã de muita alegria e de muito aprendizado, envolvendo representantes das escolas estaduais de oito municípios da nossa CRE e coordenadores da Rede Municipal de Educação, que farão trabalho magnífico com esse livro em sala aula. Essa conscientização das nossas crianças e jovens faz a diferença no tocante ao necessário respeito à mulher na sociedade”, disse a coordenadora regional de Educação, Gislene Fonseca, com o que concorda a secretária municipal de Educação, Elisandra Carla Menezes.

“Esse momento de discussão sobre a violência doméstica é fundamental. Temos observado, acompanhando as nossas crianças, que cada vez mais elas refletem dificuldades, comportamentos, questão da afetividade, de maneira agressiva nas escolas. E quando se vai investigar, ou elas estão sofrendo violência dentro da própria casa, ou em volta delas, seus familiares. Esse evento é importante, porque vai mostrar aos nossos professores como abordar, na sala de aula, o tema da violência contra a mulher”, disse Elisandra.

Caso Cristina Lopes
A formação, ministrada no polo local da UAB, mediante parceria da CRE de Goianésia com a Secretaria Municipal de Educação, foi sobre “Metodologias Ativas, no tocante à aplicação da Lei Maria da Penha na área de Linguagens e suas Tecnologias”.

Em Goianésia, os educadores das redes estadual e municipal viram um depoimento marcante de Dra. Cristina Lopes, vítima de violência em contexto familiar, que teve 85% do corpo atingido com queimaduras de segundo grau, passou por 24 cirurgias plásticas, superou o trauma e, hoje, tem trabalho voluntário em Goiânia, onde criou o Núcleo de Proteção aos Queimados.

O caso de Cristina Lopes foi um marco na luta pelos direitos da mulher no Brasil. O agressor foi julgado em 1989, e condenado a 13 anos e 10 meses de reclusão, o primeiro caso de tentativa de homicídio com a vítima viva julgado em Tribunal de Júri, com condenação exemplar do réu.

“Hoje, a violência é servida na mesa”, ilustrou Dra. Cristina Lopes, usando o seu próprio caso para chamar a atenção dos educadores na formação para o fato de que nem sempre ela [a violência] atinge a mulher, apenas: “Não é sobre a Cristina, é sobre a família inteira”.

O Livro e o Manual
Também, pela manhã, no polo da UAB, a formação prosseguiu com a apresentação do livro “Maria da Penha nas Escolas”, por  Manoela Barbosa, que distribuiu 50 exemplares aos participantes, seguida pela exposição de Victória Leão, que apresentou o “Manual da Professora/Professor”, ainda em fase de elaboração. O livro, do gênero literário narrativo (novela), do gênero textual híbrido (história em quadrinhos, que utiliza textos verbas e não verbais), ilustrado por Lara Damiane de Oliveira Estevão, com tiragem de 5 mil exemplares, além de uma versão ampliada com a descrição de todos os diálogos em braile para leitura tátil, impressos outros 500 exemplares destinados a estudantes de baixa visão, foi lançado em Goiânia, no último dia 18 de abril.

Outros exemplares serão impressos pela Assembleia Legislativa de Goiás - Alego, a fim de garantir uma maior distribuição em todo o Estado.

Programação
A Jornada continuou no período da tarde, com roda de conversa, sobre Direitos Humanos e Proteção das Mulheres, no Auditório Major Lázaro Romão, do CEPMG José Carrilho, envolvendo os alunos do 9º ano da unidade.

À noite, o encerramento da jornada aconteceu no Plenário Aleixo Luiz Vinhal, da Câmara Municipal, onde ocorreu o lançamento, em Goianésia, do livro “Maria da Penha nas Escolas”, com distribuição simbólica de exemplares, parceria que envolve a Skambau Produções, a Procuradoria da Mulher da Câmara de Goianésia, e o Coletivo Carolina Maria de Jesus, da Faceg.



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