São Paulo - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira, em São Paulo, que "só Deus" o tira de Brasília. Em discurso durante um ato na Avenida Paulista, o presidente voltou a atacar o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e afirmou que não vai admitir que "pessoas como ele continuem a açoitar a democracia e a Constituição". Moraes é responsável por inquéritos que apuram o financiamento de atos antidemocráticos...

Em cima de um carro de som, Bolsonaro voltou a criticar a urna eletrônica e afirmou que só tem três finais possíveis para ele em 2022: "preso, morto ou com a vitória". E ressaltou que nunca será preso. Falando para uma multidão de apoiadores sem máscara, o presidente criticou mais uma vez as medidas de restrição de circulação adotadas por governadores para frear a pandemia do coronavírus, principalmente no ano passado.

Impeachment
Depois que Jair Bolsonaro fez  discursos atacando o STF e ameaçando não acatar decisões judiciais do ministro Alexandre de Moraes, líderes políticos da oposição convocaram reuniões para tratar sobre um possível impeachment do presidente. Bruno Araújo, Gleisi Hoffman, Carlos Lupi e Paulinho da Força, presidentes do PSDB, PT, Solidariedade e PDT, respectivamente, fizeram declarações sobre o tema e receberam apoio de outros políticos. Além disso, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, disse em entrevista à Globonews que poderá apoiar o impedimento de Bolsonaro.

O presidente do PSB, Carlos Siqueira, instou uma resposta do Congresso Nacional, do STF e da própria sociedade civil.

“É uma manifestação de conteúdo nitidamente antidemocrático que o presidente da República em tempos normais não participaria e tampouco incentivaria. Penso que o presidente deveria estar preocupado na solução dos problemas concretos da população: desemprego altíssimo; inflação praticamente fora de controle; gasolina beirando R$ 7; queda do poder aquisitivo da população”, afirmou Siqueira, que completou:” Ao contrário, ele se dedica a criar crise institucional e a pregar soluções autoritárias. Isto não é aceitável. Por isso, penso que as instituições, Congresso, STF e a própria sociedade civil precisa reagir com maior intensidade”.

Já Baleia Rossi, presidente do MDB, usou as redes sociais para pregar por união, no entanto, depois subiu o tom.

“São inaceitáveis os ataques a qualquer um dos poderes constituídos. Sempre defendo a harmonia e o diálogo. Contudo, não podemos fechar os olhos para quem afronta a Constituição. E ela própria tem os remédios contra tais ataques".