Por 10 votos a 1, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou, nesta quarta-feira, 14, a decisão que tinha sido tomada em caráter liminar do ministro Luís Roberto Barroso, que ordenou a instauração da CPI da Covid no Senado, para apurar a atuação do governo de Jair Bolsonaro frente à pandemia. As informações são do Metrópoles.

Apenas o ministro Marco Aurélio discordou, alegando que, por ser mandado de segurança, nem deveria haver avaliação colegiada.

Relator do caso e primeiro a votar, o ministro Barroso manteve a posição em favor da abertura da CPI. Ele afirmou que a decisão monocrática está assegurada pela Constituição. “Nada há de criativo ou inusitado na decisão liminar. Concedi à luz da doutrina vigente no Brasil”, disse.

Para o ministro, o que se está em jogo é o cumprimento da Constituição. “É um direito da maioria parlamentar fiscalizar o Poder Público diante de uma pandemia”, pontuou.

Barroso ainda salientou a importância do Supremo para a democracia. “Diversos países do mundo vivem hoje uma onda referida como recessão democrática, como Hungria, Polônia, Rússia, Geórgia, Venezuela… Todos eles, sem exceção, assistiram a processos de ataques e esvaziamentos de deus tribunais constitucionais. Reafirmar o papel das Supremas Cortes, de proteger as democracias, é um ato de resistência democrática”, falou.

“O procedimento deverá ser definido pelo próprio Senado. Não cabe ao Senado definir se vai instalar ou quando, mas sim como vai proceder - se por videoconferência ou modo presencial”, arrematou.

Logo após Marco Aurélio se posicionar, todos os demais ministros, sem declaração de voto, seguiram Barroso.

“Apesar de ter sido por meio de uma liminar, o que muito me surpreendeu, é absolutamente inteligível que o ministro Barroso tenha tomado a atitude, diante de um cenário de comoção social e levando-se em conta que os pressupostos para a abertura de uma pandemia estão devidamente colocados”, analisou um dos magistrados da Corte ao Metrópoles.

A decisão de Barroso foi um duro golpe para Bolsonaro. Na terça-feira, 13, a CPI da Covid foi oficialmente instalada pelo Senado. Na ocasião, os parlamentares decidiram incluir nas investigações os repasses federais a estados e municípios, ampliando o alcance do trabalho da comissão - algo que vinha sendo defendido pelo presidente da República para diminuir o foco nas ações da União.

A Comissão Parlamentar de Inquérito terá 11 membros titulares e sete suplentes. O teto de despesa da CPI foi fixado em R$ 90 mil e a previsão é de que os trabalhos durem inicialmente 90 dias. Ainda há dúvidas sobre seu formato, funcionalidade e composição.