O Popular - Quando as aulas presenciais estiverem liberadas em Goiás para o ensino fundamental e médio - a previsão é que isso ocorra em novembro -, as escolas poderão liberar a entrada de até 25% dos alunos matriculados. É um índice menor do que o permitido para os berçários e escolas de ensino infantil, que poderão receber até 30%. Isso para reduzir o risco de contágio da Covid-19.
Os porcentuais foram definidos em reunião do Comitê de Operações Emergenciais de Enfrentamento ao Coronavírus (COE) estadual na última quarta-feira (15), com aval dos representantes da educação pública e particular e do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO).
Em Goiânia, onde as atividades presenciais de berçários e unidades de ensino infantil foram liberadas pelo COE municipal ainda na terça-feira, o porcentual já havia sido estabelecido também em 30%.
As escolas de ensino fundamental e médio - tanto públicas como particulares - ficaram com um porcentual menor porque, segundo a superintendente em Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), Flúvia Amorim, a taxa de transmissão do coronavírus é menor em crianças com menos de 6 anos de idade do que em relação aos estudantes mais velhos. “Mesmo que seja mais fácil controlar o contato dos mais velhos.”
O boletim epidemiológico de Covid-19 da SES-GO mais recente, datado de 9 de outubro, mostra que o número de casos confirmados entre jovens de 10 a 19 anos é 118% maior do que o de crianças até 9 anos em Goiás.
Revezamento
Também foi consensuado no COE estadual que as escolas que optarem pelo revezamento dos alunos nas aulas presenciais não poderão fazer isso antes de 15 dias, que seria o tempo mínimo para se fazer um monitoramento mais atento aos casos que venham a surgir. Mesmo que um grupo de participantes do COE estadual defenda que o risco de contágio entre crianças e adolescentes é pequeno, a SES-GO está bastante receosa que a volta às aulas represente um novo aumento na procura por leitos de internação, em queda constante desde setembro.
Respeitando este tempo mínimo de 15 dias, cada escola poderá definir a melhor forma de fazer o revezamento, mas isso caso o número de alunos cujos pais concordem com o retorno às salas de aula seja maior que 25%. “Temos visto diversas pesquisas que mostram que são poucos os pais que aceitam neste momento deixar os filhos voltarem para as escolas”, conta a superintendente em Vigilância Epidemiológica. Algumas, diz ela, podem nem chegar a alcançar os 25%.
Flúvia diz que o porcentual adotado segue o modelo adotado pelo governo de São Paulo e que pode ser revisto conforme a situação epidemiológica.
O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Goiânia (Sepe), Flávio de Castro, concorda que a procura deve ser bem baixa neste primeiro momento, mas afirma que as escolas particulares consideram importante abrir mesmo nestas condições tanto para mostrar que estão funcionando como para irem se adaptando à nova realidade.
Conforme O POPULAR apurou, representantes da educação e diretores de escolas consideram importante a retomada das atividades presenciais em novembro, mesmo que por um mês e meio, para que sejam feitas as adaptações necessárias de olho em 2021. A previsão de vacina mais otimista é para março ou abril, e os jovens são vistos pelas autoridades como os últimos a serem vacinados.
O presidente do Sepe diz que as regras definidas no protocolo de volta às aulas já determinava um raio de 1,5 metro entre os alunos nas salas de aula e que pelas contas dos colégios isso daria um limite de 30%. “Já era esperado este porcentual. Ficou só um pouco menor”, comentou.
A promotora Cristiane Marques de Souza, coordenadora da área de atuação da Infância, Juventude e Educação do Centro de Apoio Operacional do MP-GO, diz que o órgão tem participado das discussões do COE estadual envolvendo os protocolos de segurança para a retomada das aulas presenciais e que “não há nenhuma ressalva quanto ao que foi deliberado”.
Flávio diz que a maior preocupação agora é com a forma como as aulas serão dadas, já que haverá alunos tanto nas salas como em casa, o chamado ensino híbrido. Por isso, quanto antes começarem as atividades, melhor será para testar.
Ele ressalta que desde o começo o Sepe tem acompanhado e participado das discussões do COE e que as escolas concordam em seguir as determinações do comitê. “Elas precisam abrir até para se mostrar e se adaptar, claro que sempre respeitando a questão da saúde.”
As escolas públicas já sinalizaram que não devem reabrir neste ano, deixando as aulas presenciais apenas para 2021, com exceção dos alunos da 3ª série do ensino médio da rede estadual, que podem voltar caso haja liberação por causa da preocupação com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), cujas provas ficaram para janeiro.
Volta às aulas
Quem participa da reunião do COE estadual fala em tendência para o retorno às escolas a partir de novembro. Dois critérios para a liberação foram estabelecidos ainda em agosto: a taxa de internação e a de óbitos em queda. No primeiro caso, a meta já foi alcançada. A de mortes está preocupando um pouco porque sempre que os dados são atualizados cai o número de semanas que atingiram o índice estipulado de redução. Mesmo assim, na última reunião do COE estadual, os indicadores foram considerados animadores.