Após sucessivos aumentos, distribuidores de gás de cozinha decidiram paralisar as atividades no Centro de Destroca de Botijões - CDB, no Setor Jardim Santo Antônio, em Goiânia. Previsão é de que não haja troca de botijões vazios por cheios durante toda a terça-feira, 08. Ato critica os reajustes anunciados em 2020 e pede conscientização do Governo Federal.
Segundo expõe o Sindicato das Empresas Revendedoras de Gás da Região Centro Oeste - SINERGÁS, ocorreram oito reajustes no valor do gás de cozinha residencial desde o início do ano. De acordo com a entidade, houve acréscimo nos meses de maio, junho, julho e agosto, o que resultou em aumento de cerca de 30%, ou seja, R$ 9,23 a mais no valor final.
O presidente do sindicato, Zenildo Dias, afirma que, durante todos os meses de reajuste, os distribuidores não repassaram o aumento ao consumidor final. “Não conseguimos repassar esse valor porque o consumidor não tem dinheiro. Isso resultou em muito prejuízo e o fechamento de diversas empresas do segmento”, disse.
Conforme explicou ele, a partir de quarta-feira, 09, a população deve sentir o reajuste. Assim, o botijão que custa entre R$ 70 e R$ 75 deve ser encontrado por R$ 80 e até R$ 90. Zenildo aponta a alta do dólar como causa principal dos aumentos. “Há uma variação no mercado internacional e o Governo Federal está quieto e não faz nada”, criticou.
Risco de desabastecimento
A ideia inicial do SINERGÁS é paralisação no Centro de Destroca dos Botijões, responsável pelo abastecimento da região Metropolitana de Goiânia, durante toda a terça-feira. Com a paralisação, os caminhões estão impedidos de trocar botijões vazios por outros cheios.
Segundo Zenildo Dias, há risco de desabastecimento na capital caso a entidade não tenha o retorno esperado. “Existe a possibilidade de a população ficar sem o gás de cozinha porque se este movimento inicial não der certo, vamos parar todas as companhias”, relatou.
Crise
O empresário Ademir Valadão atua no ramo há 32 anos e afirma que esta é a pior crise já enfrentada pelo segmento. “Foram 6 aumentos consecutivos entre maio e agosto. É uma cadeia: o governo federal anuncia o reajuste nas refinarias. Os engarrafadores passam o aumento integral para toda a rede distribuidora. Até o momento somente os distribuidores não repassaram esse valor para os depósitos”, explicou.
De acordo com ele, o reajuste em pleno período pandêmico é inadmissível. “Tudo subiu muito por conta do mercado internacional. O valor do auxílio emergencial é pequeno e a população não tem dinheiro. É impossível sobreviver assim”.
Ademir conta ainda que há previsão de um novo aumento no mês de setembro por conta do dissídio dos petroleiros. “É uma crise que está quebrando todo mundo. Nem está cobrindo os custos dos distribuidores. Precisamos de conscientização e ações por parte do governo”, salientou.
Petrobras
Em nota enviada ao Mais Goiás, a Petrobras disse que houve reajuste de 5% no preço médio do GLP a partir do dia 28 de agosto. De acordo com o texto, o valor será equivalente a R$ 29,27 por botijão de 13kg. No acumulado do ano, houve um aumento de +5,3%, ou +1,47 R$/13kg, segundo a empresa.
Segundo a Petrobras, o preço do GLP segue como referência o preço de paridade de importação - PPI, formado pelas cotações internacionais do produto mais os custos que importadores, como frete de navios, taxas portuárias e demais custos internos de transporte para cada ponto de fornecimento.
O texto diz, ainda, que as distribuidoras são as responsáveis pelo envase em diferentes tipos de botijão e, junto com as revendas, são responsáveis pelos preços ao consumidor final.
Nota Petrobras:
A Petrobras confirma reajuste de +5,0% no preço médio do GLP vendido pela Petrobras a partir de 28/08/2020. Com isso, o preço médio da Petrobras será equivalente a R$ 29,27 por botijão de 13kg. No acumulado do ano, houve um aumento de +5,3%, ou +1,47 R$/13kg. Importante esclarecer que, desde novembro/19, a Petrobras igualou os preços de GLP para os segmentos residencial e industrial/comercial, e que o GLP é vendido pela Petrobras a granel. As distribuidoras são as responsáveis pelo envase em diferentes tipos de botijão e, junto com as revendas, são responsáveis pelos preços ao consumidor final. A precificação do GLP vendido pela Petrobras segue como referência o preço de paridade de importação (PPI), formado pelas cotações internacionais deste produto mais os custos que importadores teriam, como frete de navios, taxas portuárias e demais custos internos de transporte para cada ponto de fornecimento. Esta metodologia de precificação acompanha os movimentos do mercado internacional (para cima ou para baixo).