Um adolescente de 16 anos morreu e quatro colegas dele passaram mal após inalarem o entorpecente chamado "loló", na madrugada de domingo, 05, em Palmas. Segundo a Polícia Militar, os jovens relataram que foram atacados e agredidos por um grupo, que estava em um carro, e também, obrigados a cheirar a substância várias vezes. Após o suposto ataque e inalação do "loló", os cinco jovens acabaram passando mal e acionaram o SAMU - Serviço de Atendimento Médico de Urgência. As informações são do UOL.
Os cinco rapazes, que têm entre 16 e 21 anos, estavam a pé próximos à rotatória entre a avenida JK e NS-15 quando supostamente foram vítimas do ataque. Eles foram socorridos pelo SAMU para a UPA - Unidade de Pronto Atendimento - Norte.
A UPA Norte informou que o adolescente J.A.P, 16, deu entrada na unidade às 04h50, trazido por uma ambulância do SAMU, e a equipe não conseguiu reverter o quadro grave de saúde. O adolescente, após várias paradas cardíacas, morreu. Logo depois, os outros rapazes foram levados à UPA - dois deles foram transferidos ao Hospital Geral de Palmas. Nenhum deles corre risco de morrer.
A Polícia Militar foi acionada, por volta das 8h, pela equipe de assistência social para registrar o suposto ataque sofrido pelos jovens. A Polícia Civil investiga o caso e tenta descobrir a placa do veículo usado pelo grupo que supostamente agrediu e obrigou os jovens a inalarem a droga. Imagens de câmeras de segurança estão sendo analisadas.
O corpo do adolescente foi levado para necropsia no Instituto Médico Legal de Palmas. Não há informações sobre velório e enterro.
O que é o "loló"
O médico psiquiatra Dieggo Melo explica que o "loló" é uma substância do grupo dos inalantes, usada, geralmente, em alternativa ao lança-perfume, também pertencente ao mesmo grupo de drogas. Os efeitos no organismo são devastadores e podem matar.
"Essa substância consiste numa mistura de álcool etílico ou benzina, clorofórmio, éter e, às vezes, essências de frutas. Curiosamente, os inalantes, por serem drogas de fácil acesso, são considerados pelos usuários como 'drogas fracas'. Mas, isso é um equívoco, pois o uso pode levar a efeitos colaterais graves", diz Melo.
O médico explana que o uso do "loló", como também de outras drogas, pode levar a efeitos graves e, por consequência, a morte. Ele diz que os efeitos do "loló" sobre o sistema nervoso central se assemelham aos do álcool. O psiquiatra destaca ainda que os efeitos colaterais mais comuns desta droga são tontura, náusea, vômitos, dor de cabeça, sensibilidade aumentada a luz, além de cólicas abdominais.
"O uso de qualquer substância está sujeito a sua interação com o organismo de cada indivíduo. Por isso, pode haver efeitos graves e imprevisíveis, como depressão cardiovascular, convulsões e coma, que podem ocorrer já desde o primeiro uso, dependendo da susceptibilidade do usuário. A morte por parada cardíaca ou infarto do miocárdio ocorre em geral de maneira súbita, de forma que frequentemente o socorro chega atrasado", explica o médico psiquiatra.
Melo ressalta ainda que o óbito causado por parada cardíaca no indivíduo que inalou "loló" pode ocorrer pela falta de suprimento de oxigênio a musculatura cardíaca, que passa a trabalhar com sobrecarga e não suporta.
"O músculo cardíaco começa a trabalhar em sobrecarga, pois falta oxigênio e causa depressão do sistema respiratório. Assim, podem ocorrer tanto alterações do ritmo cardíaco, como infarto do miocárdio, levando a parada cardíaca. Com a proximidade do Carnaval e sabendo que grande parte da população usuária é adolescente, é fundamental esclarecer sobre os riscos!", alerta Dieggo Melo.