UOL - A troca de dois corpos gerou confusão durante um velório em São Francisco do Sul, no Litoral Norte de Santa Catarina. O erro foi constatado quando o caixão de Adão Elias Paris, de 64 anos, foi aberto no início da cerimônia na tarde de segunda-feira, 09. Em vez de Paris, estava o corpo de Francisco Alberto Heinz, da mesma idade, que seria velado em Barra Velha, a 66 quilômetros.
Segundo Talita Paris, neta de Adão, o funcionário da funerária ainda tentou insistir que se tratava do corpo certo. Entretanto, segundo a família, as diferenças eram visíveis. “O outro homem tinha cabelo comprido, já meu avô estava com a cabeça raspada por causa da prisão. E ele não tinha um dos mindinhos, já esse homem tinha todos os dedos da mão”.
Ainda conforme a família, o funcionário voltou ao HRHDS - Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, em Joinville, e constatou a troca. Talita observa que o corpo do avô estava congelado, pois a morte dele ocorreu no sábado, 07. O novo velório só pôde ocorrer na madrugada de terça-feira, 10.
Paris estava preso desde 2016 após matar a companheira. Ele cumpria pena na UPA - Unidade Prisional Avançada - de São Francisco do Sul e na noite de quinta-feira, 05, passou mal no presídio e foi levado para o hospital local, sendo transferido no dia seguinte para o HRHDS, em Joinville, a cerca de 50 quilômetros.
Em nota, a DEAP - Secretaria de Estado da Administração Prisional e Socioeducativa - informou que, durante o período de internação e mesmo após o falecimento, o gestor da UPA tentou contato com a família. “Mas como ele nunca recebeu visita, os contatos registrados no sistema são de 2016 e estavam defasados (ele ingressou no sistema no dia 19/01/2016). O serviço de assistência social do hospital conseguiu contato com a família e comunicou o óbito no domingo”, informou a nota. Conforme a Secretaria, o preso morreu por “choque não especificado, septicemia (infecção generalizada) e infecção do trato urinário” e ainda pode ter contribuído para a morte o registro de insuficiência cardíaca.
Já a Secretaria Estadual de Saúde reconheceu que os dois corpos estavam no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt e informou que estavam devidamente identificados. “Como protocolo, o HRHDS utiliza etiquetas de identificação em pé e fronte, além de pulseira, antes que os corpos sejam encaminhados ao necrotério e, consequentemente, retirados pela funerária. Tal procedimento ocorreu dentro da normalidade”.
A família registrou boletim de ocorrência na delegacia de São Francisco do Sul. Entretanto, o delegado Rafaello Ross adiantou que não será instaurado inquérito por não haver tipificação penal para o que ocorreu. Agora, a família pretende processar o governo estadual e a funerária.
Procurado pela reportagem, o dono da funerária não quis se manifestar sobre o caso.